Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de dezembro de 2019
Galvão (foto) foi exonerado em julho após reagir a críticas de Bolsonaro a dados do instituto
Foto: Inpe/DivulgaçãoO físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foi incluído na lista da revista “Nature” de 10 cientistas que se destacaram em 2019. A relação completa de cientistas será publicada na terça-feira (17).
Galvão, que ocupava o cargo desde 2016, foi exonerado em agosto deste ano depois de rebater críticas do presidente Jair Bolsonaro aos dados do instituto, que indicavam alta no desmatamento na Amazônia.
Bolsonaro disse, em julho, que os números divulgados dias antes – e que registravam um aumento de 88% nos alertas de desmatamento – não coincidiam com a verdade, e que “parece até que [o presidente do Inpe] está a serviço de alguma ONG”.
Após a fala, Galvão saiu publicamente em defesa da pesquisa. Em entrevista na época, disse que a postura do presidente era uma afronta à ciência e ao instituto e comparou as acusações a uma “piada de um garoto de 14 anos”. Na ocasião, a revista “Nature” publicou um artigo repercutindo os dados do Inpe sobre a Amazônia e a posição do presidente em questionar dados científicos.
Meses depois da demissão de Galvão, uma pesquisa do Inpe confirmou o que os alertas já indicavam: o desmatamento cresceu na Amazônia. Segundo o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), entre agosto de 2018 e julho de 2019, a área desmatada na Amazônia aumentou 29,5% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018).
Sem arrependimentos
Ricardo Galvão disse que sua atitude foi acertada e fez o governo tomar mais cuidado com o que diz. “Essa homenagem [da revista] mostra que a minha reação ao governo foi correta. Os agentes públicos têm que saber que não existe autoridade acima da soberania da ciência. Eu não me arrependo do que fiz, eu teria feito como fiz”, afirmou.