Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de julho de 2024
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deflagrou nessa quarta-feira (10) uma operação em busca de provas sobre suposta associação criminosa de ex-dirigentes do Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas para desvio de dinheiro do clube, um dos mais tradicionais do futebol gaúcho. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão na cidade do Sul do Estado e também em Contagem (MG).
Com apoio da Brigada Militar (BM), foram percorridos endereços como o estádio Bento Freitas, empresas, um escritório de contabilidade e residências de ao menos três suspeitos. Seus nomes não foram divulgados. No foco estavam contratos, notas fiscais e outros documentos, embora a ofensiva tenha recolhido também anotações diversas, dinheiro, celulares e computadores.
Dentre as medidas impostas estão o bloqueio de bens e valores dos investigados, conforme determinação que embasou as ordens judiciais, a pedido da Promotoria responsável pelo caso. Também foi determinada a quebra de sigilo bancário do grupo.
O que se sabe até agora
A apuração criminal começou em 2023, após o atual comando da agremiação procurar o MP para relatar suspeitas de irregularidades na gestão do Brasil de Pelotas entre o final de 2021 e junho do ano passado. Conforme o que foi levantado até agora, dinheiro oriundo de três diferentes origens teria sido parcialmente apropriado, em um montante ainda não calculado:
– Recursos enviados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
– Verba repassada por empresa patrocinadora da equipe.
– Fundo financeiro resultante da arrecadação de contribuições regulares dos sócios do clube.
Segundo informações divulgadas pelo Ministério Público, os três alvos dos mandados dessa quarta-feira são dois ex-integrantes da antiga administração do clube e o presidente de uma associação de caráter privado. Um deles reside hoje na cidade mineira de Contagem, motivo pelo qual foram cumpridas ordens judiciais naquele Estado.
Apesar de os atuais cartolas serem denunciantes e não denunciados, a visita dos agentes ao estádio Bento Freitas teve por finalidade verificar se ainda havia algum contrato remanescente da antiga administração. A investigação prossegue.
O detalhe inusitado ficou por conta da denominação da ofensiva do MP: “Operação Marcola”. Trata-se de uma referência ao apelido de Argemiro Severo Gonçalves, célebre torcedor do Brasil de Pelotas e que faleceu em 2002. Negro, pobre, irreverente e popular na cidade, ele está entre os homenageados na Calçada da Fama do clube xavante, além de ser o tema do documentário em curta-metragem lançado em 2019.
(Marcello Campos)