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Ex-executivo diz que foi intimado a chefiar setor da propina da Odebrecht

Hilberto Mascarenhas (Foto: AE)

Dos 40 anos em que passou trabalhando na Odebrecht, Hilberto Mascarenhas esteve por quase dez à frente do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira – conhecido como o departamento da propina.

Em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no dia 6 de março, o ex-executivo detalhou todo o funcionamento da área e como chegou ao cargo por “intimação” do herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht. Mascarenhas foi chamado para depor na ação que investiga suposto abuso de poder político e econômico na campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer nas eleições de 2014.

Durante seu depoimento, Mascarenhas disse que foi “intimado” por Marcelo para aceitar a liderança do setor e que recebeu muitos benefícios financeiros para isso. De acordo com ele, o Setor de Operações Estruturadas ficava no meio de duas outras áreas da empresa: a de geração de caixa dois para abastecer o setor e a de requisição, que reunia as solicitações de pagamentos.

A vantagem da Odebrecht sobre outras empreiteiras, segundo ele, era que a empresa tinha muitas obras no exterior. Isso, conforme o delator, fazia com que “99,9%” da geração de caixa para o setor fosse feita diretamente no exterior. Em regra, os pagamentos operacionalizados pelo setor no exterior eram feitos em contas bancárias enquanto os pagamentos no Brasil eram em dinheiro em espécie.

Quem cuidava da geração de caixa dois, segundo ele, era o executivo Marcos Grilo. “Eu sei que ele fazia várias operações. Por exemplo, ele fazia operações financeiras de comprar um determinado papel, vendia com prejuízo, prejuízo que não era um prejuízo real, sobrava um dinheiro fora do caixa, porque se ele perdeu o dinheiro está fora do caixa. É uma geração de caixa dois. Ou fazia contrato com empresas subempreiteiras locais”, explicou. Segundo ele, no entanto, não poderia detalhar mais as formas de geração de caixa dois, porque essa não era sua atribuição.

Mascarenhas afirmou ao TSE que Marcelo Odebrecht concentrava alguns contatos com o alto escalão do governo federal, que não envolviam interesse de apenas uma área, mas de vários projetos. Ele cita, por exemplo, o contato com os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci, o “Italiano” no codinome da empresa, e Guido Mantega, o “Pós-Itália”.

Nem sempre o responsável pela operacionalização dos pagamentos sabia quem era o beneficiário. Mascarenhas descreve, por exemplo, que “nunca soube quem era ‘Caranguejo’”, mas depois viu o codinome na imprensa relacionado ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). (AE)

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