O ex-ministro dos Transportes Antonio Carlos Rodrigues se entregou à PF (Polícia Federal) em Brasília na tarde desta terça-feira (28). Presidente do PR, Rodrigues estava foragido desde o último dia 24, quando teve a prisão decretada pela Justiça de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
Ele é suspeito de ter cometido os crimes de corrupção, extorsão, participação em organização criminosa e falsidade ideológica. Os crimes são apurados na mesma investigação que resultou na prisão dos ex-governadores do Rio de Janeiro Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, ambos do PR. A acusação contra Antônio Carlos Rodrigues é montada com base na delação premiada do executivo Ricardo Saud, do Grupo J&F, controlador da JBS.
Entenda as suspeitas
O Ministério Público do Rio de Janeiro diz que o ex-ministro dos Transportes negociou com Anthony Garotinho e com o frigorífico JBS a doação de dinheiro oriundo de propina para a campanha do ex-governador em 2014. O inquérito que embasa a denúncia partiu da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista e de Saud.
Conforme a PF, foram identificados elementos que apontam que a JBS firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé para a prestação de serviços na área de informática.
A suspeita é a de que os serviços não foram prestados e o contrato, de aproximadamente R$ 3 milhões, serviria para o repasse irregular de valores para a utilização nas campanhas eleitorais.
Histórico político
Antonio Carlos Rodrigues comandou o Ministério dos Transportes entre janeiro de 2015 e maio de 2016.
Antes de assumir a pasta, o presidente do PR ocupou uma cadeira no Senado como suplente de Marta Suplicy, que, à época, havia se licenciado para chefiar o Ministério da Cultura.
Em São Paulo, Antônio Carlos Rodrigues foi vereador e comandou a Câmara Municipal entre 2007 e 2010.
Com a palavra a defesa:
Segundo o criminalista Daniel Bialski, que faz parte da equipe de defesa do ex-ministro, o presidente do PR Antônio Carlos Rodrigues “sempre esteve em Brasília e não tinha nenhuma intenção de ficar escondido”.
“Ele (Rodrigues) decidiu se apresentar para dar um fim a esse suplício”, disse Bialski. “Ele nunca se evadiu, estava esperando, como ainda espera, uma decisão judicial que reconheça a ilegalidade da medida (decreto de prisão preventiva na Operação Caixa D’Água).”
Inicialmente, a defesa do ex-ministro tentou quebrar a ordem de prisão preventiva por meio de habeas corpus no Tribunal Regional Eleitoral do Rio. O pedido foi rechaçado. A defesa foi, então, ao Tribunal Superior Eleitoral.
Daniel Bialski assinalou que o presidente do PR se apresentou “para que não tenham dúvida de que efetivamente ele jamais pretendeu obstruir a Justiça nem o bom andamento das investigações”.