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Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres demonstra interesse em firmar acordo de delação premiada

Ex-ministro de Bolsonaro está preso desde 14 de janeiro em um quartel da Polícia Militar de Brasília. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres demonstrou interesse em firmar um acordo de delação, afirmam fontes da Polícia Federal (PF). Torres, que também é ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, está preso desde 14 de janeiro suspeito de envolvimento com os atentados que ocorreram contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Nos últimos dias, a situação do ex-ministro ficou mais complicada. A Polícia Federal identificou um documento de inteligência que mapeou onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve mais votos no primeiro turno das eleições. Também identificou uma viagem dele à Superintendência da PF na Bahia na véspera da votação de 30 de outubro.

O novo advogado de Anderson Torres, Eumar Novacki, disse descartar qualquer possibilidade de que o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro possa fazer uma delação premiada.

“Isso sequer foi cogitado. Não existe essa possibilidade porque não há o que ser delatado”, afirmou Novacki.

A declaração vai na mesma linha de Rodrigo Roca, advogado anterior de Torres, que também havia dito no início do processo que uma delação estava descartada.

A troca na defesa, porém, acabou sendo feita porque Torres, segundo seus aliados, buscava uma defesa mais técnica do que política. Ou seja, que se evitasse considerar que sua prisão tinha componente político pelo fato de ele ter sido ministro de Bolsonaro.

Os advogados que estão com o caso atualmente assumiram a defesa do ex-secretário na semana passada e ainda estão se inteirando da investigação. Fontes na corporação afirmam que Anderson Torres teme ser condenado e passar anos preso, o que faz com que ele cogite apontar outras pessoas que teriam responsabilidade na articulação de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que atrasaram eleitores em estados do Nordeste.

Foram mais de 500 pontos de fiscalização pelo país durante votação do segundo turno, sendo que metade ocorreu em estados nordestinos, onde Lula teve mais votos e maior aceitação entre os eleitores. A Polícia Federal apura se Torres articulou as ações. A corporação também mira eventual envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que seria beneficiado direto, caso os eleitores em colégios eleitorais de Lula não conseguissem chegar a tempo aos locais de votação.

Ainda em janeiro, foi veiculado que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estava convencido de que o ex-ministro poderia contar o que sabe sobre os atentados de 8 de janeiro contra os prédios da suprema corte, do Congresso e o Palácio do Planalto.

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