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Mundo Ex-ministro defende que o Brasil deveria ser menos condescendente com a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela

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Rubens Ricupero avalia que Lula não voltou a ter a mesma admiração que tinha do mundo em seus dois primeiros mandatos. (Foto: José Cruz/ABr)

“O Brasil rompeu o isolamento internacional, graças à política de meio ambiente”, diz o ex-ministro do Meio Ambiente do governo Itamar Franco, Rubens Ricupero. Embaixador aposentado e ex-ministro da Fazenda, ele avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não voltou a ter a mesma admiração que tinha do mundo em seus dois primeiros mandatos em razão de não defender as mesmas causas que os ocidentais, como se dava anteriormente.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ao tratar da crise entre a Venezuela e a Guiana, o ex-ministro afirma que dificilmente a tensão acabará em um confronto armado. Mas observa que a situação já se tornou um problema para o Brasil e o presidente Lula deveria ser menos condescendente com seu colega venezuelano, Nicolás Maduro. Veja a seguir trechos da entrevista:

1) A Venezuela pode se transformar em problema para o Brasil?

De certa forma já virou. Lula depositou confiança em Nicolás Maduro quando, alguns meses atrás, ele fez uma reunião de presidentes em Brasília para refundar a Unasul. Mas não conseguiu. Lula estendeu o tapete vermelho para Maduro, embora, naquele momento, o Brasil não tivesse relações diplomáticas com a Venezuela – o ex-presidente Jair Bolsonaro havia rompido. Ele quis mostrar, com isso, que tinha confiança de que Maduro poderia aceitar aos poucos a ideia de uma eleição presidencial, por causa das pressões, das sanções americanas.

2) E parece que não deu certo, não é?

Lula seguramente queria mostrar que ele podia ter uma relação especial com a Venezuela e Maduro. Mas Maduro, ao criar esse problema grave com a Guiana, mostrou que Lula fez uma aposta errada. Agora está criando um problema para o Brasil e é complicado. Embora eu não acredite muito que o Maduro tenha intenção realmente de desencadear uma agressão militar contra a Guiana porque seria uma aventura.

3) O senhor acha que é uma bravata?

Eu acredito que Maduro deve ter tomado essa decisão sobretudo por razões internas. O apoio dele vem, em último caso, dos militares. Ele tem uma popularidade muito baixa, a eleição vai ser complicada. Por isso, está tentando, com os meios de que dispõe, preparar a eleição para não correr perigo de perder. Tanto é assim que o Tribunal venezuelano, que ele controla, declarou inelegível Maria Corina Machado – a principal adversária dele, que aparece melhor nas pesquisas. Ele provavelmente quis, com essa decisão, aumentar o apoio da parte dos militares, da própria opinião pública.

4) O senhor acha que Lula deveria ter sido mais duro com Maduro?

Quando não se critica uma política de indiferença às violações dos direitos humanos, além do problema de princípios, se comete um erro. Essa é a política que o PT e Lula costumam conduzir que, por afinidades ideológicas, não querem criticar a Venezuela, a Nicarágua, Cuba. Porque há outro aspecto: o ditador, o homem que viola a democracia e os direitos humanos, é sempre causa de perigo. Você vê quem é que atacou a Ucrânia? Foi o Putin (Vladimir Putin, presidente da Rússia), ditador. Quem está criando esse problema com a Guiana? É o Maduro. É preciso condenar com firmeza as ditaduras e as violações, porque quem faz isso prejudica não só os próprios cidadãos, mas, na primeira oportunidade que aparecer, se torna uma ameaça aos demais, como estamos vendo na Venezuela.

5) O senhor acha que Lula atingiu os objetivos que se propôs na política externa para este primeiro ano de governo?

Alguns dos primeiros objetivos que ele anunciou, ele conseguiu atingir. O Brasil estaria de volta, sairia da situação de pária. Delineou um programa que ele cumpriu. Voltou a se tornar um parceiro ativo e, graças à política de meio ambiente, ele conseguiu romper aquele isolamento, a condição de pária que o Bolsonaro havia criado. Grande parte do isolamento se devia à política de meio ambiente, povos indígenas. Isso mudou e é uma parte positiva do governo. E não mudou só no discurso. Mudou de verdade. Teve a nomeação de Marina Silva, a campanha contra o garimpo ilegal em Roraima, com a destruição dos equipamentos, a campanha para diminuir o desmatamento da Amazônia, que diminuiu muito. Então, esse lado, eu acho altamente positivo.

6) Mas o mundo é muito diferente daquele dos dois primeiros mandatos dele…

Ele não conseguiu voltar a ter a admiração que tinha nos dois primeiros mandatos porque, naquela ocasião, ele aparecia como um homem que defendia causas que os ocidentais também defendiam. Mas, neste momento, algumas causas que o Lula tem procurado são diferentes dos países ocidentais. A começar pela Ucrânia, que ele teve, desde o início, uma posição muito de ziguezague, muito incerta. Ele já deu cinco ou seis declarações, e o que se sustenta é que, no fundo, ele tem uma atitude benevolente em relação ao Putin, à Rússia.

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