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Ex-ministro militar de Bolsonaro tenta se desvincular de idealizador do plano de assassinato

Bolsonaro com o ex-comandante de Operações Especiais Mário Fernandes, que foi para seu governo depois de ir para reserva. (Foto: Isac Nóbrega/Presidência)

Ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos ligou para diferentes interlocutores de dentro e de fora das Forças Armadas, nos últimos dias, para tentar se desvincular do general da reserva Mário Fernandes.

Ex-número 2 de Ramos na Secretaria-Geral da Presidência, ele foi um dos quatro militares presos pela Polícia Federal na terça-feira por articular um plano de golpe de Estado que incluía o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Desde que a operação veio à tona, Ramos passou a procurar figuras da política, do Judiciário e da imprensa para tentar dizer que não teria qualquer proximidade com o general preso e com o suposto plano.

Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, a pasta de Ramos, e chegou a ser ministro interino na ausência do titular. Nas conversas que teve desde terça-feira, Ramos fez questão de dizer que não tinha relação próxima com Fernandes e afirmou que não foi ele quem o levou para o governo.

Integrantes da caserna apontam que Ramos integrou os chamados “kids pretos”, grupo de elite do Exército, quando era da Força. Os quatro presos nesta terça-feira pela PF também eram “kids pretos”.

Segundo pessoas que receberam os contatos do ex-ministro, ele teria colocado o ingresso de Fernandes no Palácio do Planalto na conta de Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente em sua chapa em 2022.

Braga Netto aparece como um dos personagens centrais da trama golpista, ainda mais com a revelação da PF de que um projeto para assassinar Lula, Alckmin e Moraes foi debatido em sua casa.

Nome citado

O próprio Ramos chegou a ser citado ao menos três vezes na decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes na qual ele autorizou a prisão de Fernandes. O ex-ministro general, que também chefiou a Casa Civil e a Secretaria de Governo, é mencionado como um dos interlocutores de Mario Fernandes.

Moraes cita o nome de Ramos atribuindo a investigações da Polícia Federal sobre o tema. Em dos trechos, diz que ele recebeu mensagem de áudio de Mário Fernandes, que foi número 2 de Ramos na Secretaria-Geral da Presidência.

O áudio, segundo a PF, foi enviado em 4 de novembro de 2022. Nele, o general preso na terça-feira fala sobre uma “live” nas redes sociais realizada por um influenciador argentino.

Mario aponta para Ramos que a transmissão poderia ser usada como forma de propagar a ideia de que houve fraude nas eleições presidenciais de 2022 no Brasil, vencida por Lula. Ramos aparentemente não respondeu.

A PF aponta que entre os dias 15 e 16 de novembro, Mário enviou outro áudio pedindo para Ramos “blindar” Bolsonaro contra qualquer desestímulo de apoio aos “atos antidemocráticos”.

Não há menção na decisão de Moraes que foi tornada pública uma resposta de Ramos. O ex-ministro general também não foi alvo de qualquer decisão do STF nem aparece no rol de investigados.

A situação é diferente da dos ex-ministros e generais da reserva Braga Netto e Augusto Heleno. Ambos têm sido citados recorrentemente como personagens importantes na suposta trama golpista.

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