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Brasil Ex-paciente diz que sofreu abuso sexual do ginecologista Renato Kalil enquanto dormia

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Médico responde que histórias são "absurdas e fantasiosas". (Foto: Reprodução de TV)

Depois de ser acusado de violência obstétrica a partir de áudios e vídeos do parto da influenciadora Shantal Verdelho, o médico Renato Kalil foi denunciado por abusos sexuais, que teriam sido cometidos na década de 1990, por duas mulheres.

A bancária Letícia Domingues disse que foi abusada mais de uma vez pelo obstetra e ginecologista na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1991. Outra mulher, que deu entrevista gravada ao jornal, mas depois pediu para ter seu nome preservado, disse que, quando Kalil era plantonista do Hospital São Luiz, também em São Paulo, exibiu o pênis em uma consulta depois de um parto traumático, em 1993.

O ginecologista e obstetra respondeu em um comunicado que “o doutor Renato Kalil nega veementemente as acusações, considera absurdas e fantasiosas as histórias e estranha que sejam veiculadas agora, 30 anos depois”.

As supostas vítimas sustentam que tinham medo de fazer acusações publicamente até agora e só resolveram expor suas histórias depois de encorajadas pelo caso de Verdelho e da jornalista britânica Samantha Pearson, que relatou ter sido humilhada por Kalil.

Aos 48 anos, Letícia Domingues diz que foi estuprada por Kalil depois de se internar para um procedimento ginecológico na Santa Casa, em outubro de 1991, quando foi atendida com febre alta e cólica. O atendimento foi realizado inicialmente por médicas e enfermeiras, e ela diz que não conhecia Kalil e não se recorda de o obstetra ter feito parte da equipe. Ela afirma que sofreu abusos por três dias em um quarto onde foi internada sozinha.

“Abri os olhos e ele estava com uma perna na escadinha da cama e a outra apoiada em cima dos meus braços, e com o pênis na minha boca. Ele já tinha ejaculado no meu rosto. Não tinha como gritar, me mexer, estava me sentindo culpada. Minha cama ainda ficava atrás de uma porta. Quem entrasse não me veria. Outros médicos e seus alunos passavam, mas nunca com ele junto. Quando era ele, vinha para me violentar”, descreve a bancária, que só descobriu o nome de seu abusador por comentários que ouvia no corredor do hospital.

Letícia conta que tinha medo de contar aos pais o que ocorria. Kalil, segundo ela, foi um dos médicos que lhe deram alta, e também recomendou aos pais um novo exame. O pai a levou para a consulta, quando ela foi novamente abusada sexualmente, de acordo com o relato da bancária.

“Minha mãe me falava: “nossa, o doutor Kalil é tão bonzinho, um amor”. E eu me remoendo, pensava que se não tivesse ido para o hospital nada daquilo teria acontecido. Eu vi várias vezes o filme do (médium condenado por estupro) João de Deus para entender por que voltei, parece que não acreditava no que tinha acontecido”, disse.

“Quando entrei no consultório, ele não me falou nada sobre o que eu tinha ou o tratamento. Estava com o pênis ereto, se tocando e me olhando. Falou para eu deitar, e eu novamente com medo, deitei. Em momento algum ele me tocou, não teve penetração. Mas ele gozou. Foi a hora em que me toquei que era real. Levantei e saí rápido da sala. Quando ia encontrar meu pai, eu o ouvi chamando outra paciente jovem, pelo diminutivo, como se fosse uma forma carinhosa. Me perguntei se ele também não estaria abusando dela.”

Letícia afirma ter desenvolvido transtornos alimentares, depressão, crise de pânico e outras doenças psicológicas. Diz que, ao relatar o episódio, dois anos depois, a um outro ginecologista, foi aconselhada a não fazer denúncia porque Kalil era “gente de influência”. A única denúncia que tentou fazer foi por uma ligação anônima ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo, mas foi pedido que formalizasse as acusações, e ela não conseguiu.

“O outro ginecologista, já falecido, falava: ‘Não faça isso, pelo amor de Deus, ele pode colocar uma escuta no seu carro, descobrir onde você mora’. E eu fiquei ainda com mais medo de denunciar. Eu percebi no hospital, na época que fiquei internada, que o Renato Kalil era o tipo de pessoa prepotente, que ficava assediando as mulheres, muita gente puxava o saco dele.”

O relato de uma outra mulher, que pediu para não ter o nome divulgado, tem menos episódios de abuso sexual, mas também envolve violência obstétrica. A corretora conta que tinha 27 anos quando foi ao Hospital São Luiz para ter o segundo filho. Diz que o plantonista que a atendeu foi Kalil e o que define como “o horror” começou na sala de pré-parto.

“Ele descolou minha placenta com o dedo, para forçar o parto normal. Foi a maior dor que senti na minha vida. Ele me disse que tinha de fazer parto normal, que eu ficaria bem e que no dia seguinte eu estaria chutando bola, andando, caminhando normal e foi totalmente ao contrário. Foi muito ruim.”

O Ministério Público de São Paulo instaurou uma investigação preliminar para apurar as denúncias de violência obstétrica a partir do relato de Shantal. A apuração vai recolher documentos, ouvir pessoas e pode resultar em um inquérito policial. O advogado da influenciadora, Sergei Cobra Arbex, no entanto, informou que já pediu uma investigação à Polícia Civil.

Sobre as acusações relacionadas ao parto de Shantal, o médico já havia afirmado em comunicado que o procedimento “aconteceu sem qualquer intercorrência e foi elogiado por ela em suas redes sociais durante 30 dias”. A nota acrescentou que os ataques contra Kalil foram feitos com base em um vídeo editado, com conteúdo retirado do contexto.

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