Havia rivalidade entre as paquitas? A série documental “Pra sempre Paquitas”, que acaba de estrear no Globoplay, revela que sim. Em um dos episódios, Roberta Cipriani, que fez parte da primeira geração de assistentes de palco de Xuxa, solta o verbo e conta uma briga feia que teve com a atriz Leticia Spiller, que fazia parte do mesmo grupo.
“Algumas até se colocavam no lugar de: ‘eu que mando’. A própria Leticia já teve isso comigo, de: ‘eu que mando’. Até que na Argentina, a gente discutiu, e a Marlene (Mattos, a diretora) rindo mandou a gente voltar a trabalhar. Aí voltamos, e Leticia começou a discutir comigo e fez assim (aponta a dedo), e eu fui e mordi o dedo dela”, lembrou, aos risos.
Roberta conta que após esse episódio Letícia nunca mais apontou o dedo nem levantou a voz para ela: “Falei: ‘Ah, eu, hein..’. Também não fez mais”.
Bem sincera, Roberta reclama no documentário que as paquitas mais velhas excluíam as mais novas. As ex-assistentes de palco de Xuxa também admitem que existia rivalidade entre elas.
Ex-paquitas contam que Marlene Mattos as obrigava a tirar a roupa
“Pra sempre Paquitas” traz revelações fortes e polêmicas na voz das próprias ex-assistentes de palco de Xuxa. No episódio que relata a demissão em massa da primeira geração de Paquitas, elas, que tinham entre 9 e 14 anos, contam que eram obrigadas pela diretora Marlene Mattos a ficarem nuas.
O quarto episódio relata como foi feito o livro “Sonhos de paquita: nos bastidores do show”, escrito pelo ex-diretor do “Xou da Xuxa” João Henrique Schiller e que resultou na demissão em massa das meninas.
O documentário exibe as gravações em fita cassete dos desabafos que as próprias paquitas fizeram na época durante encontros com João Henrique, em 1994. A ideia delas era reunir as histórias e criar uma peça chamada “Confissões de Paquitas”, mas o diretor resolveu transformar as declarações polêmicas em livro.
Entre as histórias contadas na fita cassete, elas revelam que eram chamadas por Marlene de “putinhas” e frequentemente obrigadas a tirarem a roupa para a diretora.
“Teve um momento específico em que eu realmente me senti humilhada e sem saber como agir. Essa é uma lembrança muito dura, muito cruel”, desabafou a hoje atriz Bianca Rinaldi.
Logo após a fala da Bianca, a ex-paquita Ana Paula Guimarães, a Catu, diretora do documentário, ouve as gravações das meninas da época, relatando que Marlene as obrigava a tirar a roupas
“Para variar eu já sabia que ia levar um ‘esporrão’, né?. Porque toda vez esse negócio de gordura… E a Marlene: ‘Eu dou uma semana para vocês emagrecerem’. Eu já estava acostumada com aquele tipo de esporro da Marlene. A Ana Paula, não. Ana Paula chorando”, disse Priscilla.
‘É você se acostumar com esse tipo de abuso e achar que é normal”, comentou Catu, chorando. “É realmente muito humilhante”, completou Bianca, também emocionada.
“Sempre tinha essa questão de, em janeiro, ela querer ver o corpo da gente… Mas aí é uma situação delicada que eu não gostaria nem de falar. Isso é chato”, disse Roberta no documentário.
“Eu fui a única que não tirei a roupa, porque ela me disse: ‘você não precisa’. Mas eu via as minhas amigas. Não é menos constrangedor”, declarou Juliana Baroni.
“Tinha meninas que estavam sem a parte de cima da roupa: eu, estava de vestido. Então, não vou entrar… Você mensura aí o constrangimento. E eu não estava fora do peso. A minha mãe nunca ficou sabendo disso. Foi tão pesado, tão feio, horroroso”, lamentou Flávia Fernandes.
“Eu não estava indo para a reunião para tirar a roupa. Eu não estava de sutiã aquele dia. E eu falei: a blusa também? E ela disse: a roupa toda”, lembrou Catu.
“Nada justifica esse assédio moral, que a gente veio entender anos depois. A gente achava que era assim que funcionada a TV”, analisou Juliana.
No documentário, a ex-paquita Priscila Couto conta que foi suspensa por Marlene Mattos por estar acima do peso. “Eu sabia que a qualquer momento, eu estaria fora”.
Marlene Mattos não quis participar do documentário e também não respondeu ao ser procurada para falar sobre o assunto.