A Justiça argentina realizou uma operação de busca e apreensão no apartamento do ex-presidente Alberto Fernández, após denúncia de violência física feita pela ex-primeira-dama Fabiola Yañez. Um celular foi confiscado durante a ação.
Segundo a imprensa argentina, a medida visa verificar se o ex-presidente continuou “assediando” sua ex-parceira após receber a notificação de que não deveria manter contato com ela.
No momento da operação, Fernández estava no apartamento acompanhado do meio-irmão Pablo Galindez e de algumas outras pessoas. Esta é a primeira medida adotada no caso, que está sob sigilo.
Na quinta-feira (8), imagens da ex-primeira-dama com hematomas no braço e no rosto foram reveladas pelo site de notícias argentino Infobae. Na troca de mensagens com o ex-companheiro, Yañez cita que foi agredida por três dias seguidos.
Em outro trecho, ela afirmou: “Isso não funciona assim, você me agride o tempo todo. É insólito. Não pode me fazer isso quando eu não te fiz nada. E tudo o que tento fazer com a mente centrada é te defender, e você me agride fisicamente. Não há explicação”.
Yañez fez a denúncia contra o ex-presidente na terça-feira (6) durante uma videoconferência com o juiz federal Julián Ercolini, que ordenou imediatamente medidas de “restrição” e “proteção” para a mulher. As medidas urgentes tomadas incluem uma ordem para que o ex-presidente não se aproxime dela e não deixe o país.
A ex-primeira-dama contou que era agredida fisicamente quando vivia na Quinta de Olivos, residência oficial da presidência argentina. Fernández foi presidente da Argentina entre 2019 e 2023.
O ex-presidente negou as acusações em nota publicada nas redes sociais e afirmou que vai apresentar à Justiça “as provas e testemunhos que evidenciarão o que realmente aconteceu”.
Cristina Kirchner, que foi vice-presidente de Alberto Fernández, criticou nessa sexta o antigo aliado, acusado de violência física e assédio contra a ex-mulher Fabiola Yañez. O ex-presidente nega, mas a imprensa argentina divulgou fotos dela com o rosto machucado e mensagens em que relata as agressões.
“Alberto Fernández não foi um bom presidente. Tampouco foram Mauricio Macri e Fernando De La Rúa”, escreveu Kirchner. Mas as imagens da agressão “são outra coisa”, destacou ela que rompeu com o companheiro de chapa ainda durante o governo (2019 a 2023).
“Não apenas mostram a surra que (Fabiola Yañez) recebeu, mas também revelam os aspectos mais sórdidos e sombrios da condição humana. Permitem-nos verificar, mais uma vez e de forma dramática, a situação da mulher em qualquer relação, seja ela num palácio ou numa cabana”, afirmou.
Ela encerra dizendo que a misoginia, o machismo e a hipocrisia não têm bandeira partidária e se solidariza com as mulheres vítimas de violência, lembrando da tentativa de assassinato que sofreu há dois anos, quando teve uma arma apontada para a cabeça enquanto falava com apoiadores.
“Sem esquecer as palavras que Francisco me disse no dia seguinte àquele acontecimento: ‘Toda violência física é sempre precedida de violência verbal’”, conclui referindo-se ao papa.