Domingo, 20 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 3 de setembro de 2015
“Eu me recuso a testemunhar”, declarou o ex-presidente argentino Carlos Menem nesta quinta-feira (3). Ele se negou a prestar depoimento no julgamento em que é acusado de supostamente acobertar o atentado contra o centro judaico Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), em Buenos Aires, em 1994 – que matou 85 pessoas e feriu outras 300 – informou uma fonte oficial.
Menem, atual senador de seu país e um dos acusados de desviar provas e obstruir a investigação do ataque, acompanha por videoconferência em sua casa, na cidade de La Rioja, o julgamento que acontece em Buenos Aires, alegando problemas de saúde.
Segredos poderiam ser revelados.
A possibilidade de um depoimento do ex-presidente havia chamado a atenção depois que o advogado de defesa deu a entender que Menem guarda supostos segredos de Estado referentes ao atentado contra a sede da Amia. De acordo com o jurista Omar Daer, as “razões de Estado podem afetar o governo atual, os interesses da nação e a convivência pacífica com outras nações”, mas ele não revelou detalhes.
O advogado de Menem também afirmou que seu cliente convocou “serviços de inteligência dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Israel e Brasil” depois do atentado para ajudar no esclarecimento.
O julgamento.
O julgamento foi inciado há duas semanas para abordar a acusação de acobertamento que pesa sobre Menem, que está com 85 anos, assim como sobre funcionários do governo e um ex-presidente da DAIA (Delegação de Associações Israelitas Argentina), Rubén Beraja.
A justiça argentina acusou como autores intelectuais do ataque ex-governantes do Irã, incluindo o ex-presidente Ali Rafsanjani, para os quais existe um pedido de detenção internacional. Um acordo assinado em 2013 com o Irã, para que os indiciados fossem interrogados, fracassou e o caso permanece estagnado.
A morte de Alberto Nisman.
O caso Amia voltou à tona no começo do ano, quando o promotor argentino Alberto Nisman foi encontrado morto, com um tiro na cabeça, quatro dias depois de concretizar uma denúncia contra a presidenta Cristina Kirchner por encobrir a participação de iranianos no ataque à Amia. (AG)