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Ex-presidente Bolsonaro e lulistas abrem disputa sobre repatriação de brasileiros que ainda estão na Faixa de Gaza

Aliados tentam emplacar a narrativa de que retirada de brasileiros de Gaza teria sido viabilizada por Bolsonaro. (Foto: Divulgação/Agência Brasil)

A expectativa pelo resgate de brasileiros que se encontram na Faixa de Gaza — o que acabou não se concretizando até o momento — gerou uma disputa de narrativas entre bolsonaristas e aliados do governo federal.

De um lado, apoiadores do ex-presidente, inflamados por uma declaração do próprio, buscaram creditar a autorização para que o grupo deixe o território conflagrado a uma reunião entre Jair Bolsonaro e o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, embora não haja indícios de ligação entre os episódios. Do outro, simpáticos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva concentraram o foco em destacar o esforço da diplomacia nacional pela repatriação.

Entre os nomes que tentaram associar Bolsonaro ao resgate estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, e os deputados federais Carlos Jordy (PL-RJ) e Mario Frias (PL-SP).

“Enquanto Lula passou todo esse tempo atacando Israel, Bolsonaro intercedeu pelos brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Aprende, Lula”, postou Frias, que foi secretário especial de Cultura no governo passado.

O movimento gerou uma reação imediata. “Os responsáveis pela repatriação são o governo do presidente Lula e o esforço incansável da nossa diplomacia, sobretudo do chanceler brasileiro, Mauro Vieira”, publicou o deputado federal Lindbergh Farias (PTRJ), vice-líder do governo no Congresso.

No texto, o parlamentar chama a versão bolsonarista de “mentira” e ataca o ex-presidente: “O genocida não sabe o que é PAZ nem o que é SALVAR VIDAS”.

Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann também recorreu às redes sociais para se manifestar. “O bolsonarismo está aproveitando a guerra para espalhar a fake news de que foi o inelegível que conseguiu (a repatriação) só porque teve aquele encontro absurdo e oportunista”, escreveu Gleisi, referindo-se à reunião entre Bolsonaro, parlamentares de direita e o embaixador de Israel.

Convite

O encontro gerou desconforto no Planalto e no Itamaraty. Após a reunião, tanto Bolsonaro quanto Zonshine argumentaram que a agenda não estava planejada. Segundo a embaixada, o ex-presidente encontrava-se no Congresso no momento da visita do diplomata e decidiu participar da conversa com os parlamentares por vontade própria.

Como mostrou o colunista do jornal O Globo Lauro Jardim, a própria Gleisi estava entre os cerca de 300 deputados que receberam o chamado de Zonshine, que pretendia expor a gravidade dos ataques do grupo terrorista Hamas contra Israel. Convidada pessoalmente pelo diplomata via WhatsApp, a petista não respondeu à mensagem, e o encontro acabou dominado por políticos bolsonaristas.

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