Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2024
O ex-presidente argentino Alberto Fernández (2019-2023), de 65 anos, passou os últimos dias recluso em seu apartamento, uma torre de luxo a poucos metros da Casa Rosada. Desde que sua ex-mulher e mãe de seu segundo filho, Fabiola Yañez, o denunciou por violência de gênero e assédio psicológico, há uma semana, todas as cortinas estão fechadas para evitar a captura de alguma imagem de sua intimidade. A primeira entrevista do ex-chefe de Estado para comentar o assunto foi concedida ao El País. Nela, ele negou as acusações que têm recebido – e afirmou que Yañez foi “obrigada a denunciar”.
“Estou sendo acusado de algo que não fiz”, garantiu.
O texto publicado pelo jornal espanhol reconstruí o conteúdo da nota que a ex-primeira dama deu no final de semana. Muitas das respostas do ex-presidente giram em torno disso. Nesse contexto, em meio à sua situação cada vez mais complicada, Fernández afirma que não deve “contar aos jornais” o que aconteceu, e que as explicações serão dadas à Justiça.
Após a publicação de uma série de fotografias e conversas nas quais Yañez o acusa de tê-la agredido repetidamente, o ex-chefe de Estado admitiu que os quatro anos de convivência na quinta de Olivos foram marcados por muitas brigas e discussões, mas na conversa com os jornalistas Martín Sivak e Mar Centenera – em seu apartamento em Puerto Madero – disse não se lembrar dessa conversa em particular
“Não agredi Fabiola. Nunca agredi uma mulher. Estive 18 anos com a mãe do meu filho mais velho e 11 anos com Vilma Ibarra [ex-secretária Legal e Técnica de sua presidência] e nunca tive um episódio dessa natureza. Vi as fotografias pelos meios de comunicação, mas ainda não tive acesso ao processo. Nunca chegaram ao meu conhecimento por nenhum meio. O que vou fazer é esperar, ir à Justiça e deixar que a Justiça resolva”, afirmou.
Na mesma linha, e apesar das críticas que recebeu, especialmente nos últimos dias, o ex-presidente destacou que durante seu governo promoveu políticas de gênero e afirmou que, em casos como esse, “o ônus da prova é invertido e o homem é presumido culpado e tem que provar sua inocência”.
“Eu vou provar minha inocência.”
Apesar das fortes acusações e das capturas de tela das conversas que teve com a mãe de seu filho Francisco, o ainda presidente do Partido Justicialista manteve sua posição e reafirmou não saber quando ocorreram essas trocas de mensagens. Também insistiu que o conteúdo da denúncia é falso e considerou que foi feito porque “alguém a incentivou com outros fins”. Além disso, sugeriu que “há uma exploração política do governo [de Javier Milei]”.
“Não tenho a menor ideia de quando foi. O fato é muito significativo e não quero evitá-lo. Mas isso apareceu em um chat da minha secretária [María Cantero] com uma mensagem de Fabiola para ela e não entendo por que não apareceu antes. Se não tivessem apreendido esse telefone, não estaríamos falando sobre essas coisas”, avaliou.
Foi nesse momento que o ex-chefe de Gabinete durante o governo de Néstor Kirchner deixou claro que não esperava uma denúncia com as dimensões que a de Yañez alcançou.
Apesar de acusá-lo de agressão, Fernández não parecia consciente de que Yañez poderia denunciá-lo. Ele afirmou levar em conta “o momento pessoal em que ela estava” e disse não querer “expor publicamente”.
“Para responder a essa pergunta, eu teria que contar coisas que não devo contar na mídia. Não estou aqui para alimentar toda a sujeira que está sendo gerada. Recebi vocês para dizer pessoalmente que não fui autor de nenhum desses fatos”, respondeu e descartou ter agredido alguma vez sua ex-parceira. “Eu não a agredi. Também sei em que contexto Fabiola disse isso. E por isso minha resposta: não digo ‘desculpe por ter te agredido três dias’. Eu digo ‘me sinto mal, pare’”, respondeu quando foi questionado sobre a mensagem em que ela o acusou de tê-la agredido “três dias seguidos”.
Além disso, enfatizou que pode provar sua inocência porque tem “muitos testemunhos de pessoas que viram como foi a vida em Olivos naquela época”.
“O que eu peço é que vocês entendam que, para explicar e esclarecer as dúvidas que vocês têm sobre mim, eu preciso falar sobre coisas que não quero falar, que quero discutir apenas diante de um juiz e não em público. Não quero expor uma pessoa que demonstra fragilidade”, afirmou referindo-se à sua denunciante.
Nesse contexto, Fernández reconheceu que “quando a pessoa está com raiva, diz muitas coisas e pode ser ofensivo”, mas destacou que também sofreu violência verbal.
“Se fosse assim, eu também teria sofrido”, acusou e depois se mostrou cético em relação à denúncia de “terror psicológico” que também recaiu sobre ele. “Não conheço o processo e só sei por meio de seu ex-advogado [Juan Pablo Fioribello]. Nós, como todo casal, tivemos discussões. Algumas mais veementes e outras menos veementes. Preciso saber sobre o que estão falando. Com esse critério, eu também poderia dizer o mesmo.” As informações são do jornal La Nación.