Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de maio de 2023
De acordo com o diário argentino La Nación, o evento serviu para Cristina testar a sua capacidade de mobilização.
Foto: DivulgaçãoA vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu a rescisão do acordo do país com o FMI e atacou o Judiciário durante um ato em clima de campanha eleitoral na quinta-feira (25), quando o país comemora o Dia da Pátria. Diante de uma Plaza de Mayo tomada por apoiadores, Cristina defendeu seu legado como ex-presidente, atacou rivais, mas não fez nenhum anúncio sobre uma possível candidatura – que já negou anteriormente – ou quem vai apoiar nas próximas eleições.
“Se não conseguirmos que este programa que o FMI impõe aos seus devedores seja anulado e nos permita desenvolver o nosso próprio, de crescimento e industrialização e desenvolvimento tecnológico, será impossível pagar a dívida”, afirmou Cristina, cercada por cerca de 300 lideranças políticas e apoiadores que gritavam da praça “Cristina presidente”.
A vice-presidente também inflamou a militância ao citar uma frase célebre de seu falecido marido, Néstor Kirchner, que quitou a dívida do país com o FMI no começo do milênio. “Os mortos não pagam dívidas”, disse.
A dívida atual foi contraída durante o governo de Mauricio Macri, em 2018, a quem Cristina culpou pela situação econômica do país. Após o fim do mandato de Macri, o governo de Alberto Fernández e Cristina renegociou o empréstimo com o FMI, que era então o maior da história da organização.
“O que recebemos quando voltamos em 2019, o que foi? Mais uma vez a Argentina está endividada em dólares. Éramos o país do mundo que mais endividava em dólares. Quando não deu para pagar, aconteceu o que aconteceu: o FMI de novo. Mas com um adicional: já não eram empréstimos mais ou menos normais. Não não não. Deram-lhe 57 bilhões de dólares para que ganhasse as eleições”, disse Cristina, referindo-se ao acordo feito por Macri.
De acordo com o diário argentino La Nación, o evento serviu para Cristina testar a sua capacidade de mobilização em um momento de extrema tensão política interna. “Na prática, o ato foi pensado como o ponto culminante do ‘grito operacional’ para que ela voltasse a concorrer à Presidência”, escreveu o jornal. Cristina teve os direitos políticos cassados por um caso de corrupção.
“Me odeiam, me impedem, porque nunca fui um deles. Sempre serei do povo”, enfatizou a liderança peronista, em alusão ao Poder Judiciário, durante o discurso com pausadas milimetricamente pensadas, para ecoar a reação de seus apoiadores. Ela também se referiu à Suprema Corte como “idiotas indignos”.
Por outro lado, a vice-presidente evitou deliberadamente qualquer definição eleitoral. Ela nem deixou pistas para especular sobre quem é o candidato que prefere para representar a Frente de Todos este ano na votação principal. O peronismo ainda não decidiu se apresenta vários candidatos ou um por consenso nas Primárias Obrigatórias de 13 de agosto, que definem as indicações presidenciais.
Embora representantes de diversos setores do peronismo tenham comparecido ao evento em frente à Casa Rosada, a ausência de seu inquilino chamou a atenção. A ausência de Alberto Fernández indica que, cada vez mais, a frente ampla eleita em 2019 não está em seu momento de maior união.