Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2025
O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández virou réu nessa segunda-feira (17) depois que a Justiça federal do país o indiciou pela acusação de violência de gênero contra Fabiola Yañez, sua ex-esposa e ex-primeira-dama. Ele é acusado de causar “lesões graves e ameaças em um contexto de violência de gênero contra sua companheira”, segundo o processo —Fernández nega.
Além do indiciamento, o juiz federal Julián Ercolini ordenou o congelamento de bens do ex-presidente no valor de dez milhões de pesos argentinos, ou cerca de R$ 50 mil.
Segundo a imprensa argentina, Fernández está sendo acusado em razão de dois episódios específicos: quando teria dado um soco no olho de Yañez em junho de 2021, resultando em um hematoma que persistiu por vários dias, e quando teria apertado com força o braço da ex-esposa em agosto do mesmo ano, causando outro ferimento.
Além disso, o ex-presidente responderá por agressões morais e ameaças constantes com o suposto intuito de impedir que Yañez o denunciasse na Justiça.
Na decisão, o juiz federal afirmou que Fernández aplicava uma “condicionamento econômico” de forma a “manipular e continuar exercendo poder e controle” sobre Yañez. As provas que embasam o indiciamento incluem imagens dos ferimentos, um depoimento da ex-primeira-dama e prints das conversas entre os dois por aplicativos de mensagens.
No último dia 4, Fernández compareceu ao tribunal para depor e voltou a dizer que é inocente e que, na verdade, era ele quem era agredido pela ex-esposa. “Em momentos de embriaguez, ela se tornava violenta, atacando-me com força singular. Eu só conseguia manter suas mãos longe de mim para evitar seus golpes”, afirmou o ex-presidente em uma carta de 200 páginas em que rejeita as acusações do processo e pede absolvição —ele publicou o documento em suas redes sociais.
“Hoje apresentei minha defesa em um caso que é uma fraude processual sem precedentes. Depois de muitos meses de silêncio, quero que vocês saibam o que tenho a dizer”, disse Fernández em um prólogo da carta.
Fernández diz na carta que nunca exerceu violência física, psicológica ou econômica contra Yáñez e que nunca limitou suas amizades. “Devo dizer que, se alguém foi agredido no casal, esse alguém fui eu. Se alguém teve que suportar insultos e maus-tratos no casal, esse alguém fui eu”, acrescentou.
Segundo o ex-presidente, o processo é fruto de uma injustiça do juiz e do promotor responsáveis pelo caso. “Fizeram todo o necessário para limitar meu direito de defesa e, assim, induzir-me a me declarar culpado”, afirmou. Durante a audiência, ele não respondeu perguntas e ouviu a acusação de ter causado lesões em pelo menos duas ocasiões à sua então companheira. (Folha de S.Paulo)