Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de novembro de 2024
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales anunciou que iniciará uma greve de fome até que o governo de Luis Arce estabeleça “mesas de diálogo” sobre as crises política e econômica do país.
“Entraremos em greve de fome. O governo deve retirar todas as forças militares e policiais. Além disso, exigimos a criação de duas mesas de diálogo para discutir questões econômicas e políticas. A perseguição e a repressão devem cessar. Também solicitamos a participação de organizações internacionais e países amigos como facilitadores do diálogo”, disse Morales em comunicado na noite de sexta-feira (1º).
No mesmo dia, manifestantes ocuparam um quartel e prenderam cerca de 20 militares na região do Chapare, local que é reduto eleitoral do ex-mandatario. As Forças Armadas do país emitiram uma nota afirmando que a tomada de unidades militares por “grupos armados irregulares” é uma “traição à pátria” e pediram que os militares presos sejam libertos. O texto também pede que os manifestantes deixem as dependências das unidades militares.
Invasões
As ocupações das unidades militares ocorre em resposta ao envio, nessa sexta, de batalhões e tratores para desmontar barricadas de apoiadores de Morales que bloqueiam estradas na região de Cochabamba. De acordo com as autoridades, o protesto está impedindo a circulação de combustível, alimentos e remédios.
Os manifestantes pedem o encerramento das investigações contra o ex-presidente acusado de manter relações com uma menina de 15 anos em 2015, quando ainda era presidente e exigem que ele possa ser candidato às eleições presidenciais de 2025. O ex-presidente da Bolívia não compareceu para depor sobre o caso na Delegacia Geral de Polícia de Tarija e o Ministério Público anunciou, há algumas semanas, que emitiria um mandado de prisão contra ele, mas não se pronunciou desde então.
Na sexta, a secretária de Gênero de Cochabamba, Tatiana Herrera, denunciou Evo por outros cinco casos envolvendo tráfico de pessoas e estupro. Os crimes teriam sido cometidos desde 2019. Elas seriam menores de idade e teriam sido enviadas a La Paz por intermediários.
“Cinco famílias do Chapare, que esta semana tiveram que chegar à cidade de Cochabamba para apresentar suas denúncias por atos de estupro, tráfico de pessoas e abusos, não puderam chegar devido aos bloqueios”, disse Herrera.
O ex-mandatario criticou a investigação, dizendo que as acusações são “inventadas” e têm como objetivo forçar um processo criminal.
Disputa com Arce
No último domingo (27), Morales publicou, em seus perfis nas redes sociais, um vídeo do momento em que o carro em que ele estava era alvo de tiros. De acordo com a denúncia de Morales, trata-se de um atentado cujos autores seriam quatro homens encapuzados e vestidos de preto. O ex-presidente disse que a perseguição aconteceu quando ele viajava de sua casa, em Villa Tunari, à cidade de Chimoré. Nesta sexta, ele disse que Arce conhecia os autores dos disparos.
O ministro de governo da Bolívia, Eduardo del Castillo, negou que o carro do ex-presidente tenha sido atacado pela polícia do país. De acordo com ele, o veículo que transportava o ex-mandatario fugiu de uma operação policial que estava na estrada da cidade de Villa Tunari.
Evo chamou de traição a relação com o atual presidente Luis Arce. O ex-presidente se tornou o principal opositor do atual governo depois de voltar do exílio na Argentina. Morales critica algumas decisões de Arce e seus apoiadores e passou a disputar espaço pela candidatura do Movimento Al Socialismo (MAS) nas eleições presidenciais de 2025.