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Ex-presidente da Fifa assume erro em escolha do Catar como sede da Copa do Mundo

Blatter Blatter diz que o país é “pequeno demais” para sediar um Mundial. (Foto: Arnd Wiegmann/Reuters)

O ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, admitiu que errou na escolha do Qatar como país-sede da Copa do Mundo de 2022. O ex-dirigente, suspenso do futebol, assumiu a responsabilidade em entrevista ao jornal suíço “Tages-Anzeiger”.

“A escolha do Qatar foi um erro. Eu era o responsável por isso, como presidente da Fifa. Na época, nós concordamos com o Comitê Executivo que a Rússia deveria receber a Copa de 2018 e os Estados Unidos a de 2022. Seria um gesto de paz entre esses países oponentes politicamente”, declarou Blatter. A FIFA escolheu o Catar como país-sede em 2010, quando Blatter era o presidente da entidade.

“Houve um consenso dentro do comitê executivo da FIFA”, acrescentou.

Mas esse consenso se desfez uma semana antes da votação, explicou Blatter na entrevista. Ele garante que o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy aconselhou Michel Platini, então presidente da UEFA, a votar no Catar como sede. O assunto teria sido discutido durante um almoço entre os dois e o príncipe herdeiro do Catar Tamim ben Hamad al Thani, que se tornou emir em 2013.

Posteriormente, essa versão dos fatos foi negada por Platini.

“O presidente nunca me pediu para votar em nada em particular, mas pensei ter entendido (durante aquele almoço) que ele apoiava o Catar”, explicou o ex-mandatário da UEFA.

“A quintessência foi de que eu não podia mais contar com os quatro votos da Europa a favor dos Estados Unidos. Se esses votos tivessem ido para os Estados Unidos, teriam conseguido a Copa do Mundo, não o Catar. Essa é a verdade, não darei meu braço a torcer”, insistiu Platini.

Enquanto a Rússia atingiu o seu objetivo de sediar a edição de 2018, o Catar surpreendeu ao superar a candidatura dos Estados Unidos por 14 votos a oito na escolha do anfitrião de 2022.

Blatter acredita que o país asiático é “pequeno demais” para sediar um evento do tamanho da Copa do Mundo. “É um país pequeno demais. O futebol e o Mundial são grandes demais para isso. Para mim é claro: o Catar foi um erro. Foi uma escolha ruim”, disse.

O país árabe tem sido alvo de inúmeras críticas por parte de organizações sociais, imprensa e até mesmo governos europeus em relação aos direitos dos estrangeiros que foram ao país para trabalhar na construção da infraestrutura para a Copa.

Em um comunicado publicado em maio, a Anistia Internacional pediu à Fifa a criação de um fundo de compensação de 420 milhões de euros destinado às centenas de milhares de trabalhadores cujos direitos tenham sido violados durante esse período.

Blatter se mostrou favorável à criação deste fundo, uma iniciativa rechaçada pelo ministro do Trabalho do Catar, Ali bin Samikh Al Marri.

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