Segunda-feira, 17 de março de 2025
Por Redação O Sul | 16 de março de 2025
Após quatro anos na presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) retornou na semana passada à rotina de um parlamentar comum em meio a dúvidas sobre o próprio futuro. Uma das possibilidades à mesa é a de que ele assuma um ministério no governo Lula. Já para 2026 há uma articulação, verbalizada na última terça-feira pelo presidente, para que Pacheco saia candidato ao governo de Minas Gerais — hipótese essa que, no entanto, não empolgou o senador até o momento. Enquanto não bate o martelo, ele voltou aos trabalhos em ritmo moderado e longe dos holofotes: não fez pronunciamentos nem deu declarações públicas sobre seu horizonte político.
Apesar das articulações, Pacheco tem relatado a interlocutores que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não conversou com ele sobre a disputa pelo governo mineiro. Em entrevista ao jornal “Estado de Minas”, porém, o petista não escondeu sua predileção.
“Eu já disse publicamente, inclusive, que, se for sua vontade, Rodrigo Pacheco tem tudo para ser o futuro governador do estado. Possui todas as qualidades necessárias para o cargo e contará com o meu apoio na disputa”, afirmou Lula.
Caso Pacheco tope a empreitada, uma eventual ida para um ministério é vista como uma maneira de turbinar a postulação. A pasta mais cotada para o senador é a do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, atualmente comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Havia a expectativa de que ele se reunisse ao longo da semana com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para tratar do assunto, mas o encontro acabou não acontecendo.
A pessoas próximas, Pacheco tem confidenciado dúvidas sobre aceitar ou não o cargo. A decisão, afirmam, passa por uma avaliação cuidadosa, especialmente por se tratar de um movimento visto como potencialmente atrelado à disputa pelo governo de Minas. Embora Lula o considere o candidato ideal, Pacheco, por ora, não demonstra grande interesse. Publicamente, o senador já afirmou até mesmo que pode se afastar da política a partir do próximo ano.
A expectativa é que uma definição ocorra até o fim do primeiro semestre. Caso Pacheco mude de ideia e decida se lançar ao Executivo, aliados ponderam até mesmo se a presença de Lula no palanque seria vantajosa, já que o estado é atualmente governado por Romeu Zema (Novo), nome de direita próximo ao bolsonarismo que tenta cacifar seu vice, Mateus Simões (Novo), à sucessão.
Um fator determinante nas escolhas de Pacheco é a postura do PSD em nível nacional e estadual. A aproximação do senador com Lula ocorre em um momento de indefinição sobre a posição do partido em relação à corrida presidencial de 2026. O governador do Paraná, o correligionário Ratinho Júnior, é cotado como candidato próprio, enquanto o apoio ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também é uma possibilidade cogitada pela sigla comandada por Gilberto Kassab.
Apesar de controlar três ministérios e ter filiado a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, o PSD mantém vínculos com o bolsonarismo. Em Minas Gerais, a divisão interna é ainda mais evidente. Enquanto o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defende um alinhamento mais à esquerda, o presidente estadual da sigla e primo de Pacheco, Cássio Soares, integra a base de Zema e se aproxima da direita.
O próprio Silveira surge como plano B, se Pacheco mantiver a relutância sobre o governo estadual, mas enfrenta resistências entre os aliados de Soares. Após perder a eleição para o Senado em 2022, o ministro poderia enfrentar novamente Cleitinho (Republicanos), que já se posiciona como candidato à direita.
Diante desse imbróglio, há quem cogite até uma aliança, em Minas, com o nome de Zema, Mateus Simões, que poderia, inclusive, migrar para o PSD — possibilidade negada pelo vice. Uma composição entre a legenda de Kassab e Zema seria inédita, já que, em 2022, o partido lançou o ex-prefeito Alexandre Kalil e adotou postura crítica ao governo estadual.
Retorno discreto
Após deixar o comando do Congresso, no início de fevereiro, Pacheco tirou férias por cerca de um mês. Novamente na planície do Senado, seu único movimento, até agora, foi votar na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que inclui o Pantanal Sul-Mato-Grossense entre os patrimônios nacionais. A última proposta protocolada por ele foi o requerimento de sua licença, válida de 6 a 28 de fevereiro, que se estendeu até o carnaval.
Segundo aliados, a estratégia é adotar uma postura discreta e gradual, sem precipitações sobre os próximos passos. As informações são do jornal O Globo.