O inquérito conduzido pela Polícia Federal, apontando um plano para aplicar um golpe no país, não se sustenta no cotejo com a realidade, avalia o ex-presidente da República Michel Temer. Constitucionalista respeitado, Temer (MDB) afirma não ver elementos no inquérito que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas. Ele palestrou para empresários, em São Paulo, no Global Voices, evento promovido pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Para o ex-presidente, o golpe só é “para valer” quando as Forças Armadas, como instituição, estão engajadas.
“Convenhamos, um golpe para valer você só tem quando as Forças Armadas estão dispostas a fazer. Se as Forças Armadas não estiverem dispostas a fazer, não há golpe”, afirmou, quando questionado sobre o tema.
A baderna de 8 de janeiro
Michel Temer comentou ainda a baderna ocorrida em 8 de janeiro em Brasília, dizendo que algo semelhante já ocorrera em Brasília: “Você se lembra que no meu governo quando nós cuidávamos da reforma da previdência, as centrais sindicais levaram 1600 ônibus para Brasília, incendiaram ministérios, tentaram invadir o Congresso […]”, disse o ex-presidente, que acrescentou que decidiu “seguir em frente” após o episódio, que foi classificado como “baderna” pelos órgãos da segurança e do direito.
Bolsonaro diz que “não se dá golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais”
O que disse ontem o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao falar em Brasília pela primeira vez desde que foi indiciado pela PF por tentativa de golpe de Estado:
“É como o Temer disse hoje (25). O Temer disse uma obviedade: golpe de Estado tem que ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe de Estado. Ninguém dá golpe de Estado em um domingo, em Brasília, com pessoas que estavam aí com Bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue e bolinha de gude e muito menos batom. Não tinha um comandante. […] Vamos tirar da cabeça isso aí. Ninguém vai dar golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais. Da minha parte nunca houve discussão de golpe. É uma loucura falar em golpe, nada foi iniciado, e não se pode punir um crime de opinião”, disse o ex-presidente.
Zucco será o novo líder da oposição
O deputado federal Luciano Zucco, que participou da organização da coletiva de ontem do ex-presidente, será o novo líder da oposição na Câmara a partir de fevereiro, substituindo o atual líder, que é Felipe Barros. O líder do PL, Atineu Côrtes, (PL-RJ) deverá oficializar esta semana a indicação.
Ministro Carlos Fávaro dá apoio ao agro brasileiro contra boicote anunciado pelo Carrefour
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, apoiou ontem a manifestação das principais entidades do agro brasileiro, condenando a decisão Carrefour, por suspender a compra de carnes de países do Mercosul. Carlos Fávaro disse que a decisão do Carrefour é fruto de um “protecionismo desproporcional” da França.
“Para que serve a ONU do senhor Guterres?”, pergunta Osmar Terra
Depois que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, criticar a falta de ambição da COP29 tanto nas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa quanto na definição de um valor mais expressivo para apoiar países em desenvolvimento no combate às mudanças climáticas, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) criticou:
“Para que serve a ONU do senhor Guterres? Não articula paz nas guerras que se prolongam, não articula recursos para questões climáticas, apavorou o mundo na pandemia covid-19 e a fechar escolas por anos… para que serve o secretario da ONU? Só para se queixar?”
Terra acrescenta que a ONU retirou a força de paz no Haiti, sem ajudar o país a reestruturar em bases sólidas a sua economia e governança:
“O resultado, após 13 anos da presença da forca de paz, foi o Haiti voltar a ficar pior do que estava antes, em todos os aspectos”, conclui Osmar Terra.
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