A enfermeira Aline Peixoto foi eleita, nessa quarta-feira (8), conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia. Ela foi escolhida pelos deputados baianos em uma votação secreta no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Aline é esposa do ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Rui Costa.
Ela foi eleita em primeira rodada por 40 votos e venceu o ex-deputado estadual e ex-prefeito de Conceição do Coité, que teve 19 votos. Quatro deputados votaram nulo. A Alba tem 63 deputados estaduais e para ser eleito era necessário 32 votos.
A ex-primeira dama vai ocupar o cargo que estava vago desde o ano passado, quando o conselheiro Raimundo Moreira se aposentou.
Após a eleição, Aline divulgou nota à imprensa, onde comemorou a escolha dos deputados baianos. Ela destacou ser a primeira mulher eleita para a corte justamente no Dia Internacional da Mulher e agradeceu aos parlamentares.
“Quero aqui agradecer a cada deputada e deputado por mais este episódio de fortalecimento da democracia e dos ideais republicanos. O Poder Legislativo realizou um processo de escolha transparente e conduzido com lisura. A confiança depositada em mim será o maior incentivo para seguir em frente e dar o meu melhor”, disse.
Ela prometeu atuar com rigor, mas se aproximar dos gestores durante o mandato.
“Atuarei ao lado de todos os conselheiros na manutenção do rigor habitual do TCM. Que este seja punitivo quando necessário, porém também educativo, aproximando-se cada vez mais dos gestores”.
Aline Peixoto presidiu a organização Voluntárias Sociais da Bahia enquanto era primeira-dama do Estado, entre 2015 e 2022. Antes disso, foi assessora especial da Secretaria de Saúde da Bahia e diretora do Hospital Geral de Ipiaú.
Antes da votação, os líderes do governo, deputado Rosemberg Pinto (PT), e da oposição, Alan Sanches (União Brasil), falaram aos deputados e defenderam os votos em seus candidatos, Aline e Tom, respectivamente. O deputado do PSOL, Hilton Coelho, defendeu o voto nulo e disse ser contrário às duas candidaturas.
Aline Peixoto será a primeira mulher conselheira do Tribunal de Constas dos Municípios do Estado da Bahia. O cargo vitalício dá direito a:
- estabilidade até os 75 anos (idade limite para aposentadoria no serviço público)
- e remuneração a partir de R$ 35.462,22.
A indicação de Aline Peixoto dividiu os dois principais nomes do PT baiano, o ministro da Casa Civil Rui Costa e o líder do governo no Senado Jaques Wagner. Ambos governaram a Bahia por dois mandatos. Wagner, que governou o Estado entre 2007 e 2014, disse em entrevista ao portal baiano Metro que era contra a indicação de Aline.
Wagner chegou a dizer que, pela votação ser secreta, a vitória da esposa de Rui Costa não estava assegurada. Esposa de Wagner e também ex-primeira da Bahia, Fátima Mendonça foi outra que se manifestou contrária à indicação ao TCM da esposa de Costa, que governou a Bahia entre 2015 e 2022.
Com a eleição da ex-primeira-dama baiana, Rui Costa é o quarto ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva a ter sua esposa como conselheira de um tribunal de contas, instituições que têm como função fiscalizar se o dinheiro público está sendo bem empregado.
Em janeiro, a Assembleia Legislativa do Piauí elegeu a ex-primeira dama, Rejane Dias, para conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AL). Seu marido, Wellington Dias (PT), atual ministro do Desenvolvimento Social, governou o Piauí até março de 2022.
Outros dois ex-governadores, hoje ministros de Lula, já chegaram ao governo federal com as esposas eleitas para tribunais de contas dos seus Estados. No caso do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), Renata Calheiros foi eleita pelos deputados estaduais de Alagoas para o TCE em dezembro. O ministro governou Alagoas até abril do ano passado.
Já Marília Góes, esposa do ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (licenciado do PDT), se tornou conselheira do Tribunal de Contas do Amapá em fevereiro de 2022, quando seu marido ainda governava o Estado. Sua indicação chegou a ser suspensa pela Justiça sob acusação de nepotismo (favorecimento profissional devido ao vínculo familiar), mas a decisão foi revertida.