Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2017
O deputado cassado Eduardo Cunha, que já foi um dos homens mais poderosos do País – como presidente da Câmara, comandou a votação do impeachment de Dilma Rousseff e era o terceiro da linha de sucessão na Presidência – agora distribui quentinhas na cadeia no Paraná. Cunha ocupa uma das funções que, no jargão da cadeia, tem o nome de “faxina”. Não está necessariamente ligado à higienização do prédio. Há presos da faxina que fazem a limpeza das alas. Outros levam roupas à lavanderia e distribuem remédios. E há os que, como Cunha, ficam responsáveis pela refeição. A cada dia trabalhado, o detendo abate um dia de pena, segundo a Lei de Execução Penal.
A rotina do ex-presidente da Câmara começa às 6h. Ele e cinco internos são liberados de suas celas para receber no portão da galeria um carrinho com pães untados com margarina, café com leite e uma fruta. O carrinho entra na ala, e Cunha então separa as marmitas comuns das que são preparadas para os presos com restrições alimentares. Coloca tudo em uma maca improvisada como mesa.
São 32 celas no pavilhão. Cunha vai de cubículo em cubículo entregando a comida, o que na gíria da cadeia é chamado de “pagar boia”. Ele passa canecas, pães e frutas por uma pequena janela recortada no meio da porta de ferro.
Apesar de o peemedebista não ser advogado, alguns detentos da Lava Jato o consultam sobre seus processos.
Quem convive com os presos diz que Cunha é tratado com reverência pelos detidos na Lava Jato. O ex-deputado refuta, no entanto, qualquer contato mais íntimo.
Dias atrás, Eduardo Aparecido de Meira, dono da Construtora Credencial, alvo da 30ª fase da operação, arriscou um abraço. Foi afastado com o braço e recebeu um olhar de desaprovação. Cunha é classificado por agentes como o mais frio dos presos da Lava Jato que já passaram pelo presídio. Demonstra pouco ou nenhum sentimento.”
Negado
O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin negou mais um pedido de liberdade apresentado pela defesa de Cunha. Preso desde outubro do ano passado, no âmbito da Operação Lava-Jato, Eduardo Cunha já teve ao menos outros dois habeas corpus negados no STF.
Em março deste ano, o peemedebista foi condenado a 15 anos de reclusão por três crimes investigados na Lava-Jato. No novo pedido de liberdade, a defesa do ex-deputado contestava o fato de um outro pedido ter sido negado em março pelo Superior Tribunal de Justiça.
Ao analisar o novo pedido, o ministro Edson Fachin rejeitou por não ver “ilegalidade flagrante” na decisão do juiz Sérgio Moro que decretou a prisão preventiva de Cunha (antes mesmo de o peemedebista ser julgado).
“Deferimento de liminar em habeas corpus, e, consequentemente, em recurso derivado, constitui medida excepcional por sua própria natureza, que somente se justifica quando a situação demonstrada nos autos representar manifesto constrangimento ilegal, o que, nesta sede de cognição, não se confirmou”, escreveu o ministro no despacho.