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Ciência Excesso de antibióticos em animais traz riscos à saúde

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Frangos foram geneticamente modificados para crescer mais em menos tempo. (Foto: Reprodução)

Um estudo da Proteção Animal Mundial, em parceria com a Universidade de Bolonha, aponta os holofotes para outra direção: cerca de 75% dos antibióticos vendidos no planeta são destinados a animais. E 80% dos ministrados em fazendas industriais, para alimentação humana, não são para tratar infecções. Na criação intensiva, os medicamentos servem para acelerar o crescimento dos animais e como profilaxia de doenças que eles sequer contraíram.

Feito entre 2018 e 2020 com base em dados de 30 países e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o estudo mapeou o uso de antibióticos na produção de aves, suínos, bois e até peixes.

Bactérias

Criados em espaços exíguos, aglomerados e muitas vezes sem ver a luz do dia, eles vivem com alto grau de estresse crônico. O resultado é a queda da imunidade, que os torna mais suscetíveis a infecções, como doenças respiratórias e diarreias. Para evitar que adoeçam e o problema se espalhe pelo plantel, o antibiótico é administrado preventivamente.

A resistência das bactérias a antibióticos se desenvolve no meio ambiente. Fezes de animais contaminam solo, cursos d’água e os excrementos são usados como adubo, alcançando os vegetais de consumo humano.

“Se não houver uma profunda reversão no uso de antimicrobianos teremos em 2050 mais mortes por infecções causadas por bactérias do que por câncer, por exemplo. É como voltar à idade média. Temos equipamentos e medicina sofisticada, mas se o paciente for infectado e o antibiótico não resolver ele vai morrer”, diz Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas da USP e professor da Inspirali São Judas.

Saúde única

O conceito de saúde única — que interliga animais, humanos e ambiente — precisa ser conhecido e enfrentado. Em 2019, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), 1,3 milhão de pessoas morreram no mundo de causas atribuíveis à resistência antimicrobiana.

Em 2017 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma lista de 12 famílias de bactérias que acometem seres humanos e necessitavam urgentemente de novos antibióticos para serem combatidas, por terem se tornado resistentes.

A produção animal é uma atividade vistosa no agronegócio brasileiro. No País, como os bois não são confinados, o uso excessivo de antibióticos é relacionado principalmente à produção de aves e suínos. Pesquisa feita em 2017 por Maurício Dutra, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, em 25 fazendas de produção intensiva de suínos mostrou concentrações no quilo de carne de porco que variavam de 5,4 mg a 586 mg, o que mostra a disparidade no uso pelos produtores. A média, de 358 mg, ficou bem acima da mundial, de 172 mg.

Manejo cruel

Ricardo Abramovay, professor titular da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis da Faculdade de Saúde Pública da USP, cita como exemplo os frangos que foram geneticamente modificados no Brasil para crescer mais em menos tempo. Em 1957 as aves tinham um quarto da massa corporal que têm hoje, com mais peito e coxa.

O ritmo de crescimento aumentou três vezes. O tempo até o abate caiu de quatro meses para 42 dias. Mas a estrutura óssea não acompanhou. Muitas não conseguem suportar o próprio peso e um terço delas passa os 20% finais de vida com dores e dificuldade de se manter em pé. O coração também não segue o ritmo. Pelo menos 5% morrem antes do abate, diz o pesquisador.

A vida dos suínos não é de melhor sorte. Matrizes são colocadas em minúsculas celas para parir, sem conseguir dar uma volta em torno de si mesma. O desmame dos filhotes é precoce, o que deixa o sistema imunológicos mais fraco. E eles passam a receber antibióticos.

“São necessárias condições ambientais e de manejo melhores para que os animais não tenham imunossupressão e não precisem usar antibiótico de forma rotineira”, diz a veterinária Paola Rueda, gerente de ESG e Bem-estar Animal na Grupo Santa Rosa.

União Europeia

Em janeiro de 2022 entrou em vigor na União Europeia a proibição do uso rotineiro de rações contendo antibióticos. Apenas animais doentes podem ser medicados. O uso como promotor de crescimento estava proibido desde 2006.

Em junho passado a Secretaria de Defesa Agropecuária determinou que a compra de antibióticos passe a ser feita apenas com receita veterinária. Criou ainda um cadastro de produtores de ração que incorporam antibióticos e passou a exigir plano de boas práticas.

O veterinário e pesquisador Rafael Almeida, doutor pela Fiocruz, afirma que a portaria avança, mas deixa lacunas. A prescrição do veterinário é exigida apenas de fabricantes de ração. Não alcança casas agropecuárias e petshops. Ficam fora do controle antibióticos diluídos em água para dar aos animais. Também não é exigida retenção de receitas, como ocorre com humanos.

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https://www.osul.com.br/excesso-de-antibioticos-em-animais-traz-riscos-a-saude/ Excesso de antibióticos em animais traz riscos à saúde 2023-08-13
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