Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2015
Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, disse ao Ministério Público Federal que “era fácil” inserir o valor das propinas pagas a diretores da Petrobras nos contratos firmados entre as duas empresas. O depoimento faz parte do acordo de delação premiada. “Era fácil, porque os volumes dos contratos com a Petrobras eram significativos, de muitos milhões ou bilhões de reais.”
Leite também afirmou que a inclusão da propina nas propostas apresentadas pela empreiteira para licitações era possível “por conta da má qualidade dos contratos” da Petrobras.
O delator contou que a estatal aceitava variação de até 20% a mais no valor previsto para a realização das obras. Desta forma, o 1% que era destinado à propina se tornava “insignificante”. Este percentual de 1% do valor contratado destinado à propina valia tanto para a diretoria de Abastecimento como para a diretoria de Serviços. Leite explicou que eles eram descritos como reservas para riscos financeiros, como variação de preços dos materiais, atrasos de pagamentos ou possíveis greves.
Ao ser questionado sobre o que poderia ser feito para prevenir as fraudes, Leite disse que a precisão orçamentária deveria ser aumentada, assim como a elaboração mais detalhada dos projetos de engenharia. Para o executivo, um estudo mais bem detalhado evitaria as discussões sobre aumentos de custos das obras, de onde saíam os recursos de propina.
Leite afirmou ainda que os projetos da Petrobras eram mal contratados, tinham curto tempo de execução e havia “afobação” para contratar antes que ficassem prontos. Ele também disse acreditar que os erros cometidos não eram intencionais por parte da estatal.