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Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2022
Pesquisadores da Johns Hopkins Medicine e do Dana Farber Cancer Institute, em Boston, encontraram uma possível esperança para o Parkinson, doença neurodegenerativa, sem cura que afeta mais de um milhão de pessoas só nos Estados Unidos. Os cientistas observaram que um hormônio, irisina, secretado no sangue durante exercícios de resistência, ou aeróbicos, reduz os níveis de uma proteína ligada à doença e interrompe os problemas de movimento muscular.
O estudo, até o momento, foi realizado apenas em camundongos. Entretanto, se confirmado em pesquisas laboratoriais e ensaios clínicos adicionais, a pesquisa pode abrir caminho para uma terapia da doença de Parkinson baseada no hormônio irisina. Os resultados do teste foi publicado no final de agosto na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
As mentes por trás do estudo são dos pesquisadores Ted Dawson da Johns Hopkins Medicine, e Bruce Spiegelman da Dana Farber. Para testar os efeitos da irisina na doença de Parkinson, as equipes dos dois cientistas começaram com um modelo de pesquisa usado por Dawson no qual células cerebrais de camundongos são projetadas para espalhar pequenas fibras finas de alfa-sinucleína, uma proteína que regula o humor e os movimentos relacionados ao cérebro neurotransmissor dopamina.
Quando as proteínas alfa-sinucleína se juntam, esses aglomerados matam as células cerebrais produtoras de dopamina, um dos principais gatilhos da doença de Parkinson. No modelo de laboratório, os pesquisadores descobriram que a irisina impediu o acúmulo de alfa-sinucleína e a morte de células cerebrais associada.
Em seguida, os pesquisadores injetaram alfa-sinucleína em uma área do cérebro de camundongos, projetados para apresentar sintomas semelhantes aos de Parkinson, chamada estriado, onde os neurônios produtores de dopamina se estendem. Duas semanas depois, os pesquisadores injetaram um vetor viral, que aumentou os níveis sanguíneos de irisina nos camundongos.
O resultado foi colhido cerca de seis meses depois. Os camundongos que receberam o hormônio não apresentaram déficits de movimento muscular, enquanto aqueles injetados com placebo apresentaram déficits na força de preensão. A irisina reduziu os níveis de alfa-sinucleína relacionada à doença de Parkinson entre 50% e 80%.
“Se a utilidade da irisina se concretizar, podemos imaginá-la sendo desenvolvida em uma terapia de genes ou proteínas recombinantes”, afirma Dawson.
Parkinson
Estima-se que 1% da população mundial acima dos 65 anos convive atualmente com a doença e atinge 8 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, acredita-se que 200 mil pessoas foram diagnosticadas com a enfermidade. O tema é preocupante devido ao envelhecimento crescente da população, que aumentou cerca de 16% nos últimos cinco anos, segundo dados do IBGE.
Os sintomas mais frequentes são tremores, rigidez nos músculos, lentidão nos movimentos e alterações na fala e na escrita. Além disso, pessoas com Parkinson podem apresentar sintomas não motores, como dores, cansaço, depressão, insônia, alteração de memória e tontura, entre outros. As informações são do jornal O Globo.