O governo federal formalizou neste sábado (16) a exoneração do médico oncologista Nelson Teich do cargo de ministro da Saúde. A exoneração “a pedido” está publicada em edição extra do Diário Oficial da União deste sábado.
Teich pediu demissão nesta sexta-feira (15) após divergências com o presidente Jair Bolsonaro em torno das medidas de combate ao novo coronavírus. O pedido de demissão do ministro foi confirmado logo depois pelo Ministério da Saúde.
A saída de Teich ocorre no auge da pandemia do novo coronavírus, que já causou quase 15 mil mortes no País. Ele assumiu o posto em 17 de abril, no lugar do também médico Luiz Henrique Mandetta. Com a saída de Teich, que ficou apenas 29 dias na função, o secretário executivo do ministério, general Eduardo Pazuello, assume interinamente a pasta.
Assim como seu antecessor, Teich vinha tendo divergências com o presidente Bolsonaro sobre o isolamento social no combate à pandemia e o uso da cloroquina no tratamento da doença, justamente os dois principais pontos de embate entre Mandetta e Bolsonaro. No caso de Teich, no entanto, a cloroquina foi o estopim da nova crise, com a decisão do presidente de mudar o protocolo de uso do medicamento no combate à Covid-19.
Pressionado a ampliar a prescrição do medicamento, apesar da falta de comprovação sobre sua eficácia para tratar o coronavírus, Teich já havia avisado Bolsonaro na quinta-feira semana que era preciso aguardar a conclusão de estudos científicos. Não adiantou: em transmissão ao vivo naquela noite, o presidente disse que faria a mudança no protocolo. “Quem manda sou eu”, afirmou ele a auxiliares.
Teich pediu demissão no dia em que o governo completou 500 dias. Foi o nono ministro a deixar a Esplanada – o último deles havia sido o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, que comandava a Justiça e, ao sair, há 22 dias, acusou Bolsonaro de interferência política na Polícia Federal.
O caso motivou abertura de um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal), que agora se debruça sobre o conteúdo do vídeo de uma reunião ministerial, e pode abrir caminho para o afastamento do presidente ou um processo de impeachment.