Ícone do site Jornal O Sul

As exportações do Brasil estão garantindo a entrada de dólares no País mesmo com a crise política

Resultados correspondem ao período de 18 de maio a 2 de junho. (Foto: Reuters)

Mesmo com o estouro de uma nova crise política, a entrada de dólares no País ficou positiva em maio. Desde que surgiram as principais denúncias de executivos da JBS contra o presidente Michel Temer, o Brasil recebeu US$ 3,42 bilhões, conforme os dados mais recentes do Banco Central, divulgados ontem.

O número leva em conta o fluxo cambial registrado nas áreas financeira e comercial do dia 18 de maio até a última sexta-feira, 2 de junho. Para analistas, os números indicam que a pressão política sobre o governo Temer – que fez o dólar saltar mais de 4% ante o real no período – não provocou uma fuga de recursos.

O resultado positivo no período, porém, foi puxado pelo comércio. Em 18 de maio, primeiro dia de reação do mercado brasileiro às denúncias, o fluxo comercial foi positivo em US$ 1,27 bilhão. Naquele dia, exportadores aproveitaram o dólar mais elevado – perto dos R$ 3,40 –, para fechar operações de venda de moeda, o que inflou o número. De 18 a 2 de junho, ainda sob a influência positiva da época de embarque da safra de grãos, o País recebeu pela área comercial US$ 4,73 bilhões líquidos.

Na área financeira, US$ 1,31 bilhão líquidos saíram do País desde 18 de maio. Essa conta reúne os investimentos produtivos por parte de estrangeiros e também os aportes feitos em ativos, como ações e títulos. Inclui ainda as remessas de lucros e os pagamentos de juros. Apesar do resultado negativo, o fluxo financeiro desde o estouro da crise esteve longe de indicar uma debandada dos estrangeiros do Brasil.

“A crise é preocupante para a área financeira, mas não houve – e antes também não havia – um sinal de fuga expressiva de capitais”, avaliou o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria Integrada. “Na verdade, o movimento financeiro já tem sido predominantemente negativo ao longo dos últimos meses, mas não é desordenado. Não houve corrida após a crise.” (AE)

Sair da versão mobile