Em 2006, o partido, que ficou conhecido por bandeiras nacionalistas e pelo bordão “Meu nome é Enéas”, de seu criador, desapareceu ao fundir-se com o PL, dando origem ao atual PR. Hoje, ex-membros e simpatizantes tentam novo registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
De um lado, no Rio, o sindicalista Marcelo Vivório, 36, quer rebatizar a nova legenda com o mesmo nome da antiga. De outro, em São Paulo, a advogada e ex-deputada estadual Patrícia Lima, 40, e o marido, o publicitário João Vitor, 39, querem lançar uma legenda com nome ligeiramente diferente, Partido da Reestruturação da Ordem Nacional -mas a mesma sigla.
A briga começou em 2015, quando o casal trabalhava para criar um partido nos moldes ao de Enéas, morto em 2007. Porém, ao receberem uma ligação de Vivório, que tinha a mesma ideia e os procurou, não pensaram duas vezes: decidiram entrar na disputa pela sigla. O sindicalista, por sua vez, afirma que a ideia do partido surgiu em 2014 e que a ex-deputada não representa “o verdadeiro Prona”.
Já a ex-deputada afirma que trabalhou com Enéas por mais de dez anos e em 2006 foi eleita com 77 mil votos. De lá para cá, mesmo sem registro, os partidos foram agregando simpatizantes e trocando farpas, sobretudo nas redes sociais.
Em comum, apenas o flerte que chegaram a ter com um possível apoio a Jair Bolsonaro (PSL) para presidente. Presente em 15 Estados, o partido de Lima e Vítor diz ter 7.000 membros efetivos e 500 mil assinaturas pedindo seu registro no TSE -o mínimo necessário são 486 mil.
A ex-deputada diz, no entanto, não ter pressa para obter o registro. Ela é cotada para ser vice na chapa da campanha presidencial de Levy Fidélix (PRTB). “Não dá tempo de ser homologado este ano, assim como nenhum partido antes das eleições, por causa da cláusula de barreira”, afirma.
Já Vivório se mostra confiante. “Estamos organizados, e sem dúvidas não teremos dificuldades em cumprir as metas estabelecidas”, diz. Dizendo simpatizar com a candidatura do cirurgião plástico-celebridade Robert Rey como pré-candidato à Presidência, Vivório diz ter cerca de 33 mil membros em 23 Estados, além do Distrito Federal.
Lima afirma que seu rival nunca foi do verdadeiro Prona, por mudar o manifesto e estatuto do partido. “Ele quis colocar coisas que o próprio Prona repudia, como legalização do aborto, das drogas, do casamento gay, por ser modinha”, disse, ressalvando não ser homofóbica.
Vivório rebate dizendo que respeita os princípios deixados pelo médico e que a missão atualmente é ainda maior pelo cenário político. “Precisamos renovar e daremos nossa contribuição para essa renovação”, diz. Ele ainda afirma que o partido da ex-deputada não segue o legado de Enéas por, segundo ele, incentivar o coronelismo.
Procurado, o TSE afirmou que nenhum dos partidos apresentou o registro ainda. Os dois pedidos podem tramitar ao mesmo tempo, e aquele que for deferido primeiro terá o direito de usar a sigla.