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Fábricas de oxigênio já operam 24 horas por dia, diz a White Martins

Empresa destaca consumo de Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. (Foto: White Martins/Divulgação)

O consumo de oxigênio líquido medicinal registrou um aumento de 56% no Brasil nas duas primeiras semanas de março em relação à primeira quinzena de dezembro do ano, de acordo com a White Martins, principal produtor do Brasil.

A empresa disse que os Estados do Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina têm “apresentado um consumo de oxigênio expressivo no momento” com base nos pedidos de seus clientes.

A empresa disse que implementou um plano de contingência e “segue intensificando os esforços” com produção 24 horas por dia em todas as unidades. Além de produzir oxigênio, a empresa também acelerou a fabricação de tanques para armazenamento de gases medicinais e industriais, entre eles o oxigênio.

O aumento foi de 68% se comparado com o período pré-pandemia. No caso das carretas criogênicas para o transporte destes gases, a produção subiu 39% no mesmo período.

Em nota, a empresa reforçou que “tem alertado exaustivamente todos os seus clientes medicinais dos setores público e privado que o abastecimento de oxigênio não depende apenas da sua produção”. Além disso, explicou que as condições de transporte entre o local de produção de oxigênio e os locais de entrega “muitas vezes” só podem ser acessados por veículos menores.

A White Martins diz que muitos hospitais têm apresentado um aumento de consumo de oxigênio que vai além da sua capacidade de estocagem instalada e da sua própria infraestrutura hospitalar.

Isso, lembra, faz “com que a frequência de abastecimento se incremente exponencialmente e assim se veja impactada a confiabilidade de um fornecimento adequado”, informou a companhia.

“A transformação de unidades de pronto atendimento em postos de atendimento para pacientes com covid-19, sem um planejamento adequado envolvendo os fornecedores de oxigênio, traz uma série de dificuldades logísticas.”

Para evitar uma crise como em Manaus (AM), a empresa aumentou a sua frota, que inclui carretas criogênicas, caminhões e isotanques, em 13,5% e o número de motoristas em 14%.

A White Martins ressalta a necessidade de que as autoridades indiquem previsão da demanda. “A White Martins – como qualquer fornecedora deste insumo – não tem condições de fazer qualquer prognóstico acerca da evolução abrupta ou exponencial da demanda.”

Desafio logístico

O aumento das internações por covid-19 em quase todo os Estados vem gerando preocupações entre as empresas que atuam na cadeia do oxigênio medicinal.

De acordo com especialistas, o principal desafio é logístico, pois não há caminhões e carretas suficientes para atender a hospitais em todo o País.  Empresas destacam preocupação com Roraima, Rondônia, Amapá, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Bahia e Minas Gerais.

O executivo de uma empresa do setor, que pediu anonimato, destacou ainda outro entrave para a distribuição dos cilindros de oxigênio é que muitos locais Brasil afora estão sendo improvisados como pontos de internação, sem a infraestrutura necessária.

“Há cidades que transformam UPAs em locais de internação, assim com igrejas e outros espaços físicos. Em muitos desses locais, os caminhões não conseguem chegar”, disse esse executivo.

Segundo o consultor Ronaldo Santos, se em janeiro o surto estava localizado em Manaus, hoje o problema está espalhado por todo o País. Para ele, a preocupação atual não é com a falta de produção de oxigênio no País e sim com a logística de distribuição.

“Pode ocorrer falta de produtos em vários locais, tanto em pequenas como em grandes cidades. A demanda vem subindo, e o transporte não consegue dar conta. Há hospitais em que a demanda subiu cinco vezes”, afirmou Santos, destacando que o Brasil tem capacidade de produção suficiente de oxigênio.

Para ele, o governo deveria criar uma ação coordenada entre as centenas de distribuidoras de oxigênio no Brasil, que compram a matéria-prima das grandes produtoras como a White Martins, que tem cerca de 80% de participação de mercado.

“Essa ação coordenada poderia ajudar no micro, em cidades menores, pois em muitos casos as grandes produtoras rivalizam espaço com esses pequenas empresas”, destacou Santos.

A Air Liquide Brasil, uma das empresas que atuam no País, disse que “sua prioridade é empenhar todos os esforços para garantir o abastecimento de oxigênio a todos os hospitais que atende”.

Para Jorge Mathuiy, diretor comercial da MAT, uma das principais fabricantes de cilindros do Brasil, o problema central hoje é a logística para fazer esses cilindros chegarem aos hospitais. Ele cita preocupação com Estados das regiões Norte, Sul e Nordeste. Para atender ao aumento da demanda, a empresa já aumentou a capacidade de produção mensal de 22 mil para 27 mil  cilindros e reduziu suas exportações.

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