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Façanha histórica para o cinema brasileiro: “Ainda Estou Aqui” ganha o Oscar de Melhor Filme Internacional

Ao receber a estatueta, o diretor Walter Salles homenageou Eunice Paiva. (Foto: EBC)

Em um feito inédito no cinema brasileiro, o longa-metragem “Ainda Estou Aqui” ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional, na noite desse domingo (2), em cerimônia no Dolby Theatre, em Los Angeles, Estados Unidos. Concorriam na categoria (antes denominada “Melhor Filme Estrangeiro”) outras três produções: “A Garota da Agulha” (Dinamarca), “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha), Emília Perez (França) e “Flow” (Letônia).

A estatueta foi recebida pelo diretor carioca Walter Salles, que homenageou a advogada e ativista Eunice Paiva (1929-2018), interpretada no drama por Fernanda Torres, que concorria a Melhor Atriz – a honraria foi concedida à norte-americana Mikey Madison por sua atuação na comédia romântica “Anora”, que por sua vez levou o prêmio geral de Melhor Filme.

“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário”, discursou Salles. “Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande no regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir. Esse prêmio vai para ela, cujo nome é Eunice Paiva. E também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”.

O cineasta também citou os nomes de Tom Bernard e de Michael Baker. Ambos são executivos da empresa Sony Pictures Classic, principal produtora internacional do filme brasileiro.

Essa não foi a primeira vez em que Walter Salles dirigiu produção concorrente à maior premiação do cinema. Em 1999, o drama “Central do Brasil” concorreu nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor atriz, com Fernanda Montenegro (mãe de Fernanda Torres), mas acabou superado por títulos concorrentes.

Sucesso de público e crítica

Inspirado em livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” é a primeira produção original de cinema da plataforma Globoplay. O longa conta a história real de Eunice Paiva (mãe do autor), que passou 40 anos procurando a verdade sobre o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva (papel de Selton Mello), assassinado na década de 1970, durante a ditadura militar que comandou o Brasil de 1964 a 1985.

O filme se tornou um fenômeno de público e crítica. Além de elogios da imprensa em todo o mundo, tem atraído espectadores às salas de cinema de dentro e fora do Brasil. Até agora, é responsável pela quinta maior bilheteria na história da “Sétima Arte” no País, com 5 milhões de ingressos vendidos – número que tende aumentar a partir de agora. É também o primeiro a concorrer a Melhor Filme no Oscar.

Antes do Oscar, “Ainda Estou Aqui” já havia faturado quase 50 reconhecimentos nacionais e internacionais. A lista incluiu o Globo de Ouro para Fernanda Torres e três troféus no Festival de Veneza, incluindo os de melhor diretor e melhor roteiro.

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