Sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2020
O Facebook e o Twitter impuseram na quarta-feira (14) restrições aos links para um artigo do tabloide americano New York Post, que expõe supostas negociações corruptas do candidato democrata nas eleições de novembro, Joe Biden, e seu filho, Hunter Biden, na Ucrânia, dizendo que havia dúvidas sobre sua veracidade.
No Facebook, apareceram restrições ao link, com o aviso de que havia dúvidas sobre a validade. “Isso faz parte do nosso processo padrão para reduzir a disseminação de informações falsas”, justificou Andy Stone, porta-voz do Facebook.
O Twitter explicou que estava limitando a divulgação do artigo devido a dúvidas sobre “as origens do material” incluído na matéria. O New York Post afirmou que o material da reportagem foi obtido por um computador que teria sido deixado por Hunter Biden em uma loja de conserto de computadores no Estado de Delaware em abril de 2019.
A política do microblog proíbe “distribuir diretamente o conteúdo obtido por meio de hacking que contém informações privadas.”
Usuários do Twitter que tentassem compartilhar o conteúdo encaravam uma mensagem, que dizia: “Não podemos concluir esta solicitação porque este link foi identificado pelo Twitter ou por nossos parceiros como potencialmente prejudicial.” Pessoas que retuitassem a notícia já presente na rede recebiam a mensagem que o link pode não ser seguro.
O CEO do Twitter, Jack Dorsey, lamentou a maneira como sua rede social comunicou o que estava sendo feito com o artigo.
“Nossa comunicação em relação às ações que tomamos com o artigo do @nypost não foi boa. E bloquear o compartilhamento de endereços URL via tuíte ou mensagem privada sem qualquer contexto: inaceitável”, tuitou o executivo.
O dono da loja, que não foi identificado, declarou ao jornal que, após a máquina de Hunter Biden ter sido dada como esquecida, uma cópia do disco rígido foi feita e o computador foi entregue a autoridades federais.
Ele entregou uma cópia do disco rígido a Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado pessoal de Donald Trump, que o entregou ao jornal.
Embora a campanha de Biden não tenha negado a existência do computador ou a veracidade dos e-mails, Giuliani tem um histórico de espalhar desinformação sobre os Biden e a Ucrânia.
Em setembro, o Tesouro dos Estados Unidos disse que uma “fonte” com quem Giuliani se reuniu várias vezes, o político ucraniano Andrii Derkach, “é um agente russo em atividade há mais de uma década”.
O Post criticou o Facebook e o Twitter por ajudar a campanha eleitoral de Biden, dizendo que ninguém contestou a veracidade da história. “O Facebook e o Twitter não são plataformas de mídia, são máquinas de propaganda”, escreveu em um editorial.
“A censura do Twitter contra este artigo é bastante hipócrita, dada a sua disposição de permitir que os usuários compartilhem reportagens de fontes menos críticas de outros candidatos”, lamentou o senador republicano Ted Cruz em uma carta ao CEO do Twitter, Jack Dorsey.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também criticou duramente o Facebook e o Twitter pela ação. “É terrível que o Facebook e o Twitter retiraram o artigo dos e-mails incriminatórios relacionados ao ‘Sonolento’ Joe Biden e seu filho, Hunter, no @NYPost”, postou Trump no Twitter. “É só o começo para eles. Não tem nada pior do que um político corrupto.”
Ainda na quarta-feira, durante um comício de campanha em Iowa, Trump revelou que a conta de sua assessora de imprensa, Kayleigh McEnany, foi bloqueada após compartilhar o artigo do New York Post. “Eles fecharam sua conta só porque ela estava noticiando a verdade!”, disse o presidente.
O artigo tinha o título: “Um e-mail incriminatório revela como Hunter Biden apresentou um empresário ucraniano ao pai vice-presidente.” O caso reacendeu as polêmicas dos últimos dois anos envolvendo Joe Biden, que, quando era responsável pela política do governo Obama na Ucrânia, adotou medidas para ajudar seu filho e a empresa de energia ucraniana Burisma, da qual Hunter Biden era membro do conselho.
Biden rejeitou repetidamente tais alegações. “Nunca falei com meu filho sobre seus negócios no exterior”, disse categoricamente o ex-vice-presidente em setembro de 2019.
A polêmica se baseia em um e-mail de abril de 2015, no qual Vadym Pozharskyi, um conselheiro da Burisma, agradece a Hunter por convidá-lo para uma reunião em Washington com seu pai. Mas não houve indicação de quando a reunião foi agendada ou se aconteceu.
“Revisamos as programações oficiais de Joe Biden da época e nenhuma reunião, como alegado pelo New York Post, jamais ocorreu”, disse a campanha de Biden.
A campanha de Trump, que corre contra o tempo para reverter o cenário pessimista apresentado pelas pesquisas antes das eleições presidenciais de 3 de novembro, rapidamente divulgou um comunicado de campanha dizendo que os e-mails eram a prova de que Biden “mentiu para o povo americano” sobre os negócios de seu filho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da agência de notícias AFP.