Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2022
A Meta, controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, disse que está lançando uma ferramenta para manter os limites do espaço pessoal de usuários de suas plataformas sociais de realidade virtual, à medida que aumentam as preocupações com a segurança do usuário e o assédio sexual no metaverso.
A nova ferramenta de “limite pessoal” fará com que os usuários sintam que têm o equivalente a quase 1m20cm entre seu avatar virtual e outros quando acessarem os aplicativos Horizon Worlds, uma plataforma social expansiva de realidade virtual, e Horizon Venues, focada em eventos virtuais, por meio de fones de ouvido VR (sigla de realidade virtual em inglês). São as primeiras interações de espaços semelhantes a metaversos.
Em um post publicado em seu blog, a empresa acrescentou que essa nova configuração padrão tornaria mais fácil evitar interações indesejadas.
A mudança ocorre quando os usuários de plataformas de VR, incluindo Horizon Worlds, disparam alarmes sobre ”apalpadela” virtual e outros comportamentos abusivos.
Primeiro caso de assédio em realidade virtual
O lançamento da nova ferramenta ocorre depois de denúncias de diferentes comportamentos abusivos na plataforma Horizon Worlds, onde milhares de voluntários podem visitar praças públicas virtuais no universo digital e participar de brincadeiras, conversas e eventos. Em uma dessas experiências, uma mulher relatou que seu avatar virtual foi “apalpado” por um estranho.
Considerado o primeiro caso de assédio sexual registrado na história dessa plataforma, o incidente ocorreu no Plaza, o principal ambiente público do Horizon Worlds, no dia 26 de novembro. Na denúncia, a vítima escreveu que “assédio sexual não é brincadeira na internet normal, mas estar em realidade virtual adiciona toda uma nova camada que faz o evento ficar ainda mais intenso”.
A voluntária, que não teve o nome divulgado, relatou que outras pessoas presentes no momento “apoiaram o comportamento” e não prestaram ajuda, o que a deixou ainda mais desconfortável.
No ano passado, o Facebook mudou seu nome para Meta e investiu fortemente em realidade virtual e aumentada para refletir sua nova aposta no metaverso, ambiente digital que mescla os mundos físico e virtual acessados por meio de diferentes dispositivos onde os usuários podem trabalhar, socializar e jogar por meio de avatares.
Maior queda de valor de mercado em um dia
As ações da Meta, que está investindo bilhões de dólares em suas ambições de metaverso, despencaram 26% na quinta-feira na maior queda de valor de mercado em um único dia para uma empresa dos Estados Unidos, depois que a gigante de mídia social divulgou uma previsão sombria, culpando as mudanças de privacidade da Apple e a fuga de usuários para a concorrência.
A perda de valor de mercado do grupo fez a fortuna de Zuckerberg encolher cerca de US$ 31 bilhões, mantendo-o na lista dos dez maiores bilionários do mundo, de acordo com a Bloomberg.
A empresa está há muito tempo sob escrutínio de legisladores e reguladores globais por lidar com conteúdo problemático e abusos em suas plataformas de mídia social existentes, como Facebook e Instagram.
Meta disse que a nova ferramenta foi construída com base em suas atuais “medidas sobre assédio”, onde as mãos de um avatar desapareceriam se invadissem o espaço pessoal de alguém. Atualmente, também possui um recurso de “Zona Segura” onde as pessoas podem ativar uma bolha ao redor de seu avatar caso se sintam ameaçadas.
O vice-presidente da Horizon, Vivek Sharma, disse no blog da Meta que a empresa acredita que os novos limites pessoais ajudariam a estabelecer “normas comportamentais”.
“É um passo importante, e ainda há muito trabalho a ser feito. Continuaremos testando e explorando novas maneiras de ajudar as pessoas a se sentirem confortáveis em VR”, disse Sharma.
Ele acrescentou que, no futuro, a Meta consideraria a possibilidade de adicionar controles para permitir que as pessoas alterem o tamanho de seus limites pessoais.
Por enquanto, a empresa observou que os usuários terão que “estender os braços para poder dar um high-five ou bater com o punho nos avatares de outras pessoas”.