Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de janeiro de 2025
A Meta, dona do Instagram e do Facebook, anunciou nessa terça-feira (7) que está encerrando o seu programa de verificação de fatos, começando pelos Estados Unidos. A empresa vai adotar as “notas de comunidade”, em que os próprios usuários fazem correções — um recurso similar ao implementado pelo X, de Elon Musk.
O anúncio foi feito pelo próprio presidente-executivo da empresa, Mark Zuckerberg, que afirmou que os verificadores “tem sido muito tendenciosos politicamente e destruíram mais confiança do que criaram”. E assumiu que, com o fim da verificação por terceiros, “menos coisas ruins serão percebidas” pela plataforma. “Mas também vai cair a quantidade de posts e contas de pessoas inocentes que, acidentalmente, derrubamos.”
Em vídeo no Instagram, Zuckerberg também disse que a empresa vai trabalhar com Donald Trump, que assume a presidência dos Estados Unidos no próximo dia 20.
Em fala que se alinha com as do rival Musk, o presidente da Meta falou em pressionar governos que, segundo ele, perseguem empresas americanas para implementar mais censura. Zuckerberg criticou, ainda, o que chamou de “leis que institucionalizam a censura” na Europa e “tribunais secretos” de países latino-americanos que ordenam “retirar coisas silenciosamente”.
O anúncio foi feito um dia depois de Dana White, presidente-executivo do UFC (Ultimate Fighting Championship) e apoiador de Trump, ser anunciado como novo integrante do conselho administrativo da Meta.
As principais mudanças anunciadas pela Meta são:
• a Meta deixa de ter os parceiros de verificação de fatos (“fact checking”, em inglês) que auxiliam na moderação de postagens, além da equipe interna dedicada a essa função;
• em vez de pegar qualquer violação à política do Instagram e do Facebook, os filtros de verificação passarão a focar em combater violações legais e de alta gravidade.
• para casos de menor gravidade, as plataformas dependerão de denúncias feitas por usuários, antes de qualquer ação ser tomada pela empresa;
• em casos de conteúdos considerados como de “menor gravidade”, os próprios usuários poderão adicionar correções aos posts, como complemento ao conteúdo, de forma semelhante às “notas da comunidade” do X;
• Instagram e Facebook voltarão a recomendar mais conteúdo de política;
• a equipe de “confiança, segurança e moderação de conteúdo” deixará a Califórnia, e a de revisão dos conteúdos postados nos EUA será centralizada no Texas (EUA).
Ainda nessa terça, a Meta também alterou a política contra discurso de ódio de Instagram, Facebook e Threads, permitindo que orientação sexual e gênero sejam associados a doenças mentais.
Surpresa
A nova política anunciada pela Meta surpreendeu alguns parceiros de verificação de fatos que colaboravam com a empresa na moderação de conteúdo, segundo a agência Reuters.
“Não sabíamos que essa mudança estava acontecendo e isso é um choque para nós”, disse Jesse Stiller, editor-chefe da Check Your Fact.
“Permitiremos que as pessoas se expressem mais, eliminando restrições sobre alguns assuntos que são parte de discussões na sociedade e focando a moderação de conteúdo em postagens ilegais e violações de alta severidade”, disse o vice-presidente de assuntos globais da companhia, Joel Kaplan.
Segundo ele, os filtros de verificação serão ajustados e aprimorados para se tornarem mais eficientes e precisos na análise antes de decidir pela remoção de um conteúdo.
Elogios a Trump
Ao citar Donald Trump, Zuckerberg expressou entusiasmo, afirmando que finalmente poderá trabalhar ao lado do presidente norte-americano no próximo mandato. Trump toma posse no dia 20 de janeiro.
“Vamos trabalhar com o presidente Trump para pressionar os governos de todo o mundo, que visam perseguir empresas americanas e pressionando para implementar mais censura”, afirmou o dono da Meta.
O bilionário afirmou que os EUA possuem “proteções constitucionais mais fortes”, e que “a Europa tem um número crescente de leis que institucionalizam a censura e dificultam a construção de algo inovador”.
Nesse momento, ele declarou que “os países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem as coisas silenciosamente”.
Após o comunicado, o presidente eleito dos EUA disse que a Meta “percorreu um longo caminho” e que achou a medida “impressionante”, em discurso em Mar-a-Lago, em Palm Beach.