Sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2018
Os dados recuperados da caixa-preta do Boeing 737 MAX da Lion que caiu no mês passado no mar de Java mostram que os pilotos tentaram recuperar o controle da aeronave durante todo o trajeto. Uma falha fez com que um sistema automático recebesse leituras erradas dos sensores e jogasse repetidamente a ponta do avião para baixo. Todas as 189 pessoas a bordo morreram.
A informação faz parte de um relatório preliminar dos investigadores indonésios a ser divulgado nesta quarta-feira (28) e obtida com antecedência pelo jornal The New York Times.
Segundo o jornal, os pilotos passaram todos os 11 minutos do voo tentando retomar o controle da aeronave. Eles reergueram à força o avião mais de 20 vezes, mas o erro no sistema fez com que a aeronave continuasse a inclinar para baixo, finalmente caindo no mar de Java a uma velocidade de 720 km/h.
O relatório confirma a principal hipótese dos investigadores para o acidente de que o sistema automático instalado pela Boeing nos novos 737 para evitar que a aeronave inclinasse demais para cima recebeu dados incorretos dos sensores na fuselagem e tentou compensar forçando a aeronave para baixo.
Não se sabe ainda se as informações incorretas foram um problema do próprio sensor ou se a falha foi do computador que processa os dados recolhidos, ainda segundo o New York Times.
Horas antes, o avião foi usado em um voo entre Bali e Jacarta no qual um desses sensores já havia transmitido informações de ângulo e velocidade erradas, segundo os investigadores. A diferença de ângulos entre o sensor correto e o com falhas foi de 20 graus —a mesma registrada no voo 610 que caiu no mar de Java.
À época do acidente, pilotos reclamaram da pouca informação que receberam da Boeing sobre o novo sistema, conhecido como MCAS, sigla em inglês para sistema de aumento de características de manobra. A companhia disse que todas as possíveis reações em casos de erro do sistema já estavam nos manuais de voo. Procurada pelo New York Times, a Boeing afirmou na terça-feira (27) que não comentaria uma investigação em andamento.
O voo saiu do aeroporto de Jacarta rumo a Pangkal Pinang, capital da região de Bangka-Belitung, às 6h20min do dia 29 de outubro (horário local, 20h20min do dia 28 em Brasília). Logo após a decolagem, o piloto da aeronave pediu para retornar à base. Pouco depois, o contato foi perdido.
Velocímetro danificado
O KNKT (Comitê Nacional de Transportes da Indonésia) informou que o velocímetro do avião estava danificado nos últimos quatro voos do Boeing 737 MAX que caiu matando as 189 pessoas a bordo.
O problema foi revelado após a análise da caixa-preta da aeronave, disse o chefe da KNKT, Soerjanto Tjahjono a repórteres.
Ele afirmou que perguntou à Boeing e a autoridades dos EUA quais ações podem ser tomadas para prevenir problemas similares nesse tipo de avião ao redor do mundo. “Estamos formulando, junto com a NTSB (autoridade de transportes nacionais dos EUA) e a Boeing, inspeções detalhadas no indicador de velocidade”, afirmou.