Quarta-feira, 16 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2025
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu recuar em parte da ofensiva pelo projeto da anistia, na Câmara, e passou a adotar um tom de negociação. Orientado por Bolsonaro, o líder da sigla na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), retirou a orientação para a bancada obstruir a pauta e desistiu de divulgar o “carômetro” dos deputados que não assinaram o requerimento de urgência para anistiar os condenados pelo 8 de Janeiro. A estratégia agora é pressionar os presidentes dos partidos.
O recuo ocorre após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), resistir em pautar a proposta, mesmo depois de ter virado alvo de ato bolsonarista na Avenida Paulista, no domingo (6). A obstrução promovida pelo PL também causava insatisfação nos líderes dos partidos de centro.
“(O recuo) Foi um gesto para dar uma oxigenada, para mostrar que não somos tão radicais. Estamos com 201 assinaturas. Vamos conseguir as 257 até quinta-feira”, disse Sóstenes, em referência ao apoio necessário para a apresentação de um requerimento de urgência.
No fim de semana, o líder do PL disse que “a anistia será pautada, querendo ou não” e que divulgaria a lista de deputados que não assinaram o requerimento de urgência para a proposta, ou estão indecisos. Mesmo que o PL consiga as assinaturas necessárias para apresentar o requerimento de urgência, o presidente da Câmara não é obrigado a colocá-lo em votação.
Orientação
De acordo com o blog da coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo, Sóstenes foi orientado pelo próprio Bolsonaro a desistir de divulgar o “carômetro” dos deputados que não assinaram o requerimento de urgência. Depois da tentativa frustrada de conseguir a assinatura dos líderes, a missão agora é apelar aos presidentes dos partidos, ou seja, para quem comanda os fundos partidário e eleitoral, e é responsável pelos repasses para as campanhas dos deputados.
Ainda de acordo com o blog da coluna de Lauro Jardim, o ex-presidente já procurou alguns dirigentes partidários, mas pretende ampliar o leque antes de expor os deputados que se eximiram de assinar a urgência do PL da Anistia.
Alvo de pressão no ato promovido na Avenida Paulista no domingo para defender a aprovação do PL da Anistia, Hugo Motta (Republicanos-PB) defendeu anteontem em evento em São Paulo a pacificação do país e disse que os problemas não serão solucionados se os Poderes forem atacados.
“O que o Brasil precisa é de pacificação. Não é desequilibrando, aumentando a crise e distanciando as instituições que vamos resolver o problema e encontrar a saída para esse momento delicado e difícil que o Brasil enfrenta”, disse Motta.
Após os atos de domingo, líderes de partidos de centro avaliaram que o PL “errou na mão” ao transformar Motta em alvo da manifestação convocada pelo ex-presidente. Para esses líderes, aceitar a pressão faria o PL não ter limites. A sigla é a maior da Casa, com 92 deputados.
Cobrança de líderes
Aliados de Motta entendem que já “cederam demais” ao partido de Bolsonaro durante as escolhas das comissões da Casa. O PL tem os colegiados com as maiores cifras em emendas: Saúde, Agricultura e Turismo. Também pontuam que, se o PL tivesse uma postura diferente, mais negociada e serena, as chances de conseguir avançar com a proposta seriam maiores.
Motta vinha defendendo junto a líderes de centro que fosse criada uma comissão especial para debater o projeto, formular um texto que abordasse a dosimetria das penas e só depois pautar a matéria em plenário. A proposta, porém, foi rejeitada por Sóstenes. (Com informações do jornal O Globo)