Domingo, 24 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de novembro de 2024
A lista de 37 indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado deixou de fora um dos militares que chegou a despontar como um dos ministros mais poderosos do governo Bolsonaro, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos. Ele entrou no governo como ministro-chefe da Casa Civil, mas, em 2021, foi desalojado em um movimento de Bolsonaro para fidelizar o Centrão.
Ramos passou para o comando da Secretaria-Geral da Presidência, deixando o posto da Casa Civil para Ciro Nogueira (PP-AL). O general, porém, tinha fama de falar demais, o que lhe levou a ter muitos desafetos na Esplanada, entre eles o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que chegou a lhe dar a alcunha de “Maria fofoca”.
Ex-integrantes do governo Bolsonaro relataram que foi justamente a fama de fofoqueiro que fez ele ficar de fora de debates sobre os planos de golpe.
Como revelou a investigação da Polícia Federal, o general Mário Fernandes, número dois de Ramos na Secretaria-Geral, foi um dos articuladores do plano de golpe que incluía o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Na decisão que determinou a prisão de Fernandes, o ministro chegou a citar o nome de Ramos e a expor mensagens do militar encaminhadas ao então chefe. A PF mostrou que, entre os dias 15 e 16 de novembro de 2022, Fernandes enviou um áudio pedindo para Ramos “blindar” Bolsonaro contra o desestímulo de apoio ao que chamou de “atos antidemocráticos”, em referência aos acampamentos em frente aos quartéis. Ele também enviou conteúdos para estimular o discurso de que houve fraude na eleição. Ramos não faz parte do rol de indiciados.
Fora do indiciamento
Influentes conselheiros de Jair Bolsonaro, assim como integrantes do “gabinete do ódio”, ficaram de fora do pedido de indiciamento pela Polícia Federal por envolvimento em uma trama golpista que previa matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
Apenas dois membros do “gabinete do ódio” (Filipe Martins e Tércio Arnaud Tomaz) estão entre os 37 acusados. Outros dois membros que tinham acesso direto a Bolsonaro, como José Matheus Salles e Mateus Sales Diniz, não constam das investigações.
O mesmo ocorre com Max Guilherme, ex-BOPE que assessorava Bolsonaro e foi preso por fraudes em cartões de vacinação, e Mosart Aragão, tenente também assíduo nas agendas com o ex-presidente. Eles não estão entre os investigados.
Já no meio político, os conselheiros Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria da Presidência), Célio Faria (Secretaria de Governo) e o almirante Flávio Rocha (Secretário de Assuntos Estratégicos), que inclusive era militar da ativa à época, também não entraram no radar da PF. As informações são do jornal O Globo.