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Família de doleiros pagará quase 400 milhões de reais à Operação Lava Jato

(Foto: Reprodução)

Conhecido no mercado negro de câmbio como “o doleiro dos doleiros”, Dario Messer e seus familiares firmaram delações premiadas que somam quase R$ 400 milhões. Os acordos trazem informações sobre US$ 1,6 bilhão em movimentações que contaram com mais de 3 mil offshores em 52 países.

Esquema de lavagem de dinheiro

“Gigantesca rede de lavagem de dinheiro” é a dimensão dada pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro a esquema atribuído a Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”. Messer foi o principal alvo de operação do MPF (Ministério Público Federal)  para desmembrar uma organização criminosa que teria movimentado, desde 2011, R$ 6 bilhões.

Há mandado de prisão contra ele no Paraguai, e seu nome já foi incluído na Difusão Vermelha da Interpol, o que em tese dificultaria deslocamento por aeroportos. Engenheiro por formação, Dario Messer está no radar da PF (Polícia Federal) há cerca de 30 anos, com citações em inquéritos policiais desde o fim dos anos 1980. Já naquela época, o doleiro aparecia como operador de personalidades do Rio. Por exemplo, Waldomiro Paes Garcia, o Miro, então patrono da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro.

Há 15 anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Banestado também esbarrou em Messer. Foi descoberta uma movimentação de R$ 8 bilhões de forma irregular entre 1996 e 2002 ligada ao doleiro. Na ocasião, houve pedido de indiciamento de Messer, que não foi sequer preso.

Em mais um caso milionário, Messer acabou citado em depoimentos no esquema de envio irregular de US$ 33 milhões para o exterior por fiscais da Fazenda do RJ e auditores fiscais. O escândalo ficou conhecido como “Propinoduto”.

Já no escândalo do “Mensalão”, a PF apontou o doleiro como responsável por enviar US$ 1 bilhão de forma irregular para o exterior e entregar o dinheiro, em reais, no Banco Rural para integrantes do PT. O doleiro foi citado, ainda, em investigação acusado de ser dono de uma offshore no Panamá no caso do Swissleaks.

Messer também era “figurinha carimbada” no Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).  Pelo órgão, foram expedidos, pelo menos, cinco relatórios sobre o doleiro que atestavam irregularidades em transações financeiras entre 2010 e 2015.

Dois desses documentos foram enviados para a Polícia Federal, em 2012 e 2015, outro para a Polícia Civil do RJ em 2014 e mais um para a Receita Federal, em 2015. Uma unidade financeira no exterior também recebeu informações sobre Messer. O nome desta última é mantido sob sigilo pelo Coaf.

Investigadores indicam, ainda, que Messer atua como uma espécie de “banco” de outros doleiros. Quando eles não têm dinheiro para atender os seus clientes, Messer empresta o valor necessário para que o doleiro possa cumprir com o acordo. O doleiro é conhecido por frequentar festas na alta sociedade carioca. Tem entre amigos jogadores de futebol e políticos. Em uma busca e apreensão a seu apartamento em 2004, policiais federais encontraram um quadro do pintor Portinari, na cobertura que tem no Leblon, na Zona Sul.

 

 

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