Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de junho de 2015
Em dezembro de 1976, um filme de ficção científica estreou nos cinemas brasileiros. Mediano, sem brilho, “Fuga no Século 23” ficou 11 meses em cartaz. Agora, é relançado em box de filmes do gênero e deve atrair os fãs nostálgicos. O motivo: Farrah Fawcett (1947-2009). A mulher mais desejada do mundo, sentenciou, na época, a revista Time. Ela era uma das três detetives de “As Panteras”, líder de audiência nos EUA depois de apenas três semanas de exibição. No Brasil, a série transmitida pela TV Globo fez furor imediato. As duas morenas foram ofuscadas pela loira do trio, que apresentava um corte de cabelo inovador, esvoaçante e com curvas nas pontas.
A dimensão exata do fenômeno vem de um detalhe impressionante: Farrah demora 43 minutos de projeção para aparecer em cena por apenas 5 minutos e 10 segundos. Só isso. Os fãs assistiram ao filme, alguns repetidas vezes, por 5 minutinhos da estrela. Ela faz o papel de Holly, assistente de um cirurgião plástico, e tem seis falas. Com o sucesso mundial, Farrah quis passar de vez para o cinema e largou “As Panteras” depois dos 23 episódios da primeira temporada. Entrou em disputa judicial com os produtores, que foi selada com o acordo de que ela voltaria para fazer mais seis episódios, distribuídos pela terceira e quarta temporadas.
Farrah perseguia o sucesso desde 1969, quando estreou na TV como coadjuvante em dois episódios de “Jeannie é um Gênio”. Ela namorava então Lee Majors, ator que vinha de sucesso na série de faroeste “Big Valley” e depois, em 1973, se tornaria conhecido no mundo como o ciborgue de “O Homem de 6 Milhões de Dólares”.
A fase cinematográfica a partir de 1978 trouxe péssimas escolhas. O que ficou na memória, por ser um tremendo abacaxi de sci-fi (ficção científica), é “Saturno 3”, em que ela compunha um improvável par romântico com Kirk Douglas, 30 anos mais velho. Demorou até 1983 para que fosse considerada boa atriz, e foi no teatro. Ela herdou de Susan Sarandon o papel principal de “Extremities”, peça de William Mastrosimone, na qual uma mulher violentada captura seu agressor e passa a torturá-lo. Em 1986, participou da versão cinematográfica da peça, que se transformou em seu maior sucesso de público e crítica. O título brasileiro foi “Seduzida ao Extremo”. Seu segundo relacionamento duradouro, de 17 anos entre separações e reatamentos, foi com o ator Ryan O‘Neal, astro do blockbuster de 1970, “Love Story”. Farrah teve um filho com ele e passou a trabalhar menos, apenas em filmes para a TV.
Morte ofuscada.
Em 2006, ela teve diagnosticado câncer no intestino. Anunciou a cura, mas a doença voltou, como câncer anal. No final de 2008, rodou um documentário sobre seu tratamento, para ajudar campanhas de prevenção.
Reclusa, por causa dos efeitos da quimioterapia ela morreu no dia 25 de junho de 2009. Sua morte não teve a repercussão esperada. Algumas horas depois, no mesmo dia, a morte de Michael Jackson ganhou as manchetes do planeta. Assim, até hoje há quem nem saiba que ela morreu. (Folhapress)