A situação preocupante do setor orízicola e, consequentemente, dos produtores gaúchos levou a Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), juntamente com a Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul), a procurar alternativas que solucionem o quadro que foi agravado no último ano com cotação por vezes abaixo do preço mínimo. Nesta semana, o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, esteve reunido com o secretário de Política Agrícola do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Neri Geller, na sede da pasta, em Brasília, para negociar formas de escoamento de um milhão e duzentas mil toneladas para fora do país. O objetivo é reduzir a oferta interna e a pressão sobre os preços bastante deprimidos às vésperas da colheita.
A proposta da Farsul, que consiste na comercialização do estoque por meio de leilões de PEP e Pepro, foi aceita pelo MAPA. A justificativa do pedido está na proximidade da entrada de, aproximadamente, 11,5 milhões de toneladas de arroz em menos de 30 dias com o início da colheita, além de mais um milhão de toneladas oriundas do Paraguai. O documento encaminhado ao Ministério lembra que a o consumo interno típico é de 12 milhões de toneladas. Pereira destaca a necessidade da utilização das ferramentas disponíveis para garantir condições mínimas ao produtor. “Se não tivermos mecanismo de política agrícola que possam proteger o produtor de arroz do RS nos estaríamos estabelecendo o caos na lavoura orizícola”, afirma.
Os leilões são mecanismos de incentivo à comercialização de produtos agrícolas operados pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento). Em ambos, o Governo Federal concede prêmios no momento que o negócio é fechado, cobrindo a diferença entre a cotação de mercado e o preço mínimo estipulado (R$ 36,01 o saco de 50 quilos, atualmente, para o arroz, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina). A diferença está em quem recebe o apoio: arrematantes (PEP) ou produtores rurais e cooperativas (Pepro). “Com essas medidas que o governo acaba de anunciar e que serão efetivadas, possivelmente com o primeiro leilão ainda antes da abertura da safra de arroz, nós acreditamos que pelo menos deveremos manter o preço mínimo”, comenta o presidente do Sistema Farsul.
No pedido da Farsul também estão incluídas a compra de 200 mil toneladas na forma de AGF. A informação do MAPA é de que já forma iniciadas as tratativas com outros setores do governo para garantir a aplicação da medida. Para Pereira, essa seria a forma de proteger o pequeno produtor. “Entendemos que eles são os mais desguarnecidos pelas ações de mercado, então isso garantia a compra de um determinado número de sacos por produtor”, explica.
Além do presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, também participaram do encontro o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, e o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles.