Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2024
A pior fase está superada, avalia Leonardo Coelho, CEO da Americanas, ao se referir a crise aberta na companhia após a revelação inconsistências contáveis em balanços da companhia, em janeirro de 2023, ter levado a varejista à recuperação judicial com uma dívida de R$ 40 bilhões.
“Hoje, o que dá para dizer é que a gente considera superada a fase mais crítica pela qual a Americanas passou”, diz, alertando para o que vem à frente:
“Tem muito trabalho adiante até que a gente volte consistentemente a gerar resultados operacionais. Não dá apra dizer que essa fase crítica superada garante o sucesso da companhia”.
Haverá ajuste na rede física, com mudança no modelo de loja; lançamento de programa fidelidade com a AME Digital e foco no marketplace no canal de e-commerce, como forma de ampliar resultados.
Prejuízo
A Americanas divulgou na manhã desta segunda-feira os resultados dos três primeiros trimestres de 2023 e o acumulado do ano passado até setembro, quando registrou um prejuízo de R$ 4,6 bilhões — 23,5% menor que o de igual período do ano anterior — e fechou 99 lojas.
Os balanços foram divulgados sem a chancela de validação da BDO RCS, auditoria contratada pela Americanas para auditar esses resultados.
“Em 2023, tivemos, na alta administração da Americanas, que dividir a atenção da operação com outros trabalhos, principalmente de investigação e recuperação judicial. A partir do segundo semestre de 2024, começamos a ter finalmente 100% do nosso foco voltado para a operação”, explicou Leonardo Coelho.
O foco para este ano e o próximo, reforça o executivo, é trabalhar pela geração de caixa operacional em todos os negócios da companhia.
Auditoria
A BDO explicou em parecer incluído na apresentação de resultados pela Americanas que não foi possível “obter evidência apropriada e suficiente para fundamentar” a chancela aos balanços divulgados.
A auditoria ponderou como entraves o fato de a homologação do plano de recuperação da companhia não ter ocorrido — o que acabou se efetivando em meio à apresentação de resultados ao mercado, na manhã desta segunda-feira —, de não ter acesso a informações não divulgadas por serem alvo de investigações ou constarem de processos que correm sob sigilo, além da auditoria de resultados da AME Digital, braço financeiro da Americanas, não ter sido concluída.
Rede de lojas
Nos nove primeiros meses de 2023, a Americanas fechou 99 lojas. Eram, segundo explicou o CEO da companhia, unidades que apresentavam performance abaixo do desejado, estando espalhadas pelo país.
“Haverá ajustes na rede de loja, vamos fechar mais lojas e também haverá aberturas. A rede de Americanas Local, com lojas muito pequenas, foi o modelo em que tivemos a maior dificuldade de encontrar o break even (equilíbrio financeiro). Acaba sendo muito focada em alimento e bebidas, segmento de grande concorrência no mercado”, destaca ele.
A Americanas Local era operada em parceria com a Vibra (antiga BR), que encerrou a parceria com a varejista nesse projeto de lojas de conveniência em meio ao processo de recuperação judicial.
Coelho afirma que a Americanas Express, um modelo mais enxuto de loja, porém mais espaçosa que a da rede Local, “funciona bem”. Um ponto que requer atenção são as lojas com mais de 1.500 metros quadrados, porque algumas não entregam bons resultados.
Novo modelo
A Americanas vai ajustar seu modelo de lojas sem tirar o foco do perfil de cliente da varejista na rede física: pessoas das classes C e D, de ambos os sexos e maiores de 18 anos de idade. Com base nisso, não faz sentido criar um ambiente sofisticado, diz Coelho, mas “não pode ser maltratado ou desorganizado”. O que vai mudar é a organização das lojas:
“Categorias que falam entre si ficarão mais próximas (umas das outras) dentro das lojas. E, na frente, estarão as categorias em promoção de forma organizada. Não muda a apresentação da loja, mas a formatação para ser mais flexível (a essa apresentação de promoções e produtos)”.