Domingo, 05 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de janeiro de 2025
Contrariando indícios apontados por autoridades judiciais e policiais nas últimas 24 horas, o vice-diretor assistente da divisão de contraterrorismo do FBI, Christopher Raia, afirmou nessa quinta-feira (2) que Shamsud-Din Jabbar, o veterano do Exército dos EUA que atropelou e matou 14 pessoas em Nova Orleans, agiu sozinho durante o ataque. A afirmação foi feita por Raia em uma coletiva de imprensa, na qual apresentou as informações obtidas ao longo do primeiro dia de investigação.
“Neste ponto, nós não temos conhecimento sobre mais ninguém envolvido neste ataque além de Jabbar”, afirmou o vice-diretor da Divisão de Contraterrorismo do FBI.
Autoridades ligadas à polícia federal dos EUA e a órgãos locais saíram a público para afirmar que os indícios nas primeiras horas de investigação apontavam para uma ação coordenada entre o principal suspeito e possíveis comparsas. Na quarta (1º), uma agente especial do FBI que trabalhava na operação afirmou que a equipe “não acreditava” que o veterano fosse o único responsável.
A procuradora-geral da Louisiana, Liz Murrill, também afirmou em entrevista à NBC News que podia afirmar “com alguma certeza” que há “múltiplas pessoas envolvidas” no incidente, citando uma apuração em andamento sobre os dispositivos explosivos encontrados no local do ataque, que teriam sido fabricados em um Airbnb alugado por indivíduos envolvidos no ataque.
Pressionado pelos jornalistas reunidos em Nova Orleans sobre a mudança de posição, Raia justificou que a polícia federal queria ser transparente com o público, mas que, neste caso, era necessário “voltar atrás” das afirmações sobre a participação de outros agentes. Ainda de acordo com o vice-diretor, a agência agora está “confiante” que a ação foi solitária, após as informações coletadas nas primeiras 24 horas.
Número de mortos
Embora também tenha revisado o número de mortos no incidente — a primeira contagem indicava 15 mortos, porém incluía o próprio Jabbar, que foi morto pela polícia ao sair do veículo e disparar contra policiais, de modo que o número de vítimas caiu para 14 —, o representante do FBI reiterou parte das declarações anteriormente tornadas públicas, como a inspiração do militar veterano no Estado Islâmico (EI) e a classificação do ataque como um ato de terrorismo.
“Este foi um ato de terrorismo. Foi um ato premeditado e diabólico”, afirmou Raia, antes de detalhar sobre o vínculo de Jabbar com o Estado Islâmico.
Entre as informações que o vice-diretor afirmou terem sido apuradas pelo FBI, chegou-se a cinco vídeos publicados em plataformas on-line pelo veterano, declarando apoio ao EI. Em um vídeo que foi publicado durante a madrugada, ele chegou a afirmar que pensou em agir contra familiares e amigos, mas que recalculou o plano por medo de que suas intenções fossem distorcidas pela mídia.
“No primeiro vídeo, Jabbar explica que originalmente planejava machucar sua família e amigos, mas estava preocupado que a cobertura da mídia não se concentrasse na guerra entre os crentes e os descrentes”, disse, acrescentando que ele também disse ter se alistado ao grupo terrorista no verão anterior [do Hemisfério Norte].
Falta de vínculo
As conclusões parciais apresentadas por Raia foram resultado de centenas de entrevistas, análise de publicações nas redes sociais feitas pelo principal suspeito e de aparelhos eletrônicos apreendidos com ele. Nenhuma evidência de coordenação com terceiros foi encontrada até o momento.
O vice-diretor também indicou que falta um “vínculo definitivo” para ligar o caso em Nova Orleans ao incidente registrado em Las Vegas, onde uma picape Cybertruck da Tesla explodiu em frente ao Trump International Hotel — em uma ação apontada como intencional pelas autoridades.
Ao longo do dia, uma série de semelhanças entre os casos foram repercutidas pela imprensa americana, a começar pelo aluguel dos veículos utilizados nos dois ataques, feito por meio de um aplicativo em comum, o Turo. As condições também chamaram atenção: ambos lançados no primeiro dia do ano, com explosivos e carros alugados.
Um possível elo mais forte foi apontado por fontes de segurança citadas sob condição de anonimato pela rede de TV Denver 7, que afirmaram que tanto Jabbar quanto Matthew Livelsberger, apontado como motorista do Cybertruck, seriam ambos veteranos, tendo servido na mesma base militar. A possível conexão entre os dois não foi confirmada oficialmente pelo Exército americano.