Ao longo dos anos, a febre maculosa vem sendo detectada em estados antes considerados silenciosos para a doença, de acordo com o Ministério da Saúde. Neste mês, o Estado de São Paulo confirmou ao menos três mortes pela doença transmitida pelo carrapato-estrela.
A partir de 2001, foram confirmados casos nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Em 2003 surgem os primeiros casos de Santa Catarina, fazendo com que as regiões Sudeste e Sul sejam as mais prevalentes da doença até hoje.
De 2007 a 2021, foram notificados 36.497 casos de febre maculosa no País, dos quais 7% foram confirmados e 32,8% evoluíram para o óbito. Os dados do boletim epidemiológico do ministério destacam uma média de 2.433 casos suspeitos notificados por ano, sendo 2009 e 2019 os anos de menor e maior número de notificações, respectivamente.
A média de casos confirmados por ano foi de 170 e o número variou entre 94, em 2008, e 284, em 2019. Foi observada uma variação entre 20 e 94 óbitos por ano, com letalidade média de 32,8%, considerando a série histórica. O ano com maior letalidade foi 2015 (42%).
A doença é notificada praticamente em todo o País, sendo as regiões Sudeste e Sul as responsáveis por mais de 80% dos casos. No Sudeste, também se concentra o maior quantitativo de óbitos (739) enquanto no Sul, onde Santa Catarina detém o maior número de casos (509), não se observa óbitos, devido à diferença do agente causador da doença e os quadros clínicos (veja a seguir).
A febre maculosa é causada por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas pelo carrapato-estrela, nome popular da espécie Amblyomma cajennense. No Brasil, duas espécies dessa bactéria estão associadas a quadros clínicos da febre maculosa: a Rickettsia rickettsii, registrada no Norte do estado do Paraná e nos estados da região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará).
Prevenção
Os principais sintomas da febre maculosa são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés e gangrena nos dedos e orelhas, de acordo com o Ministério da Saúde.
A doença também pode provocar paralisia dos membros, com início nas pernas, chegando até os pulmões, causando parada respiratória. Além disso, com a evolução da febre maculosa, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
“Para evitar o contato com carrapatos, é importante que a pessoa, ao entrar em uma área silvestre, onde existem animais, ela vá com uma vestimenta adequada: calçado, meia e calça comprida e manga longa. Roupas claras que permitam a visualização do carrapato”, orienta o médico infectologista Evaldo Stanislau de Araújo, assistente-doutor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas de São Paulo.
O especialista recomenda que, ao identificar a presença do carrapato, o indivíduo deve fazer a remoção com cautela. O carrapato deve ser retirado preferencialmente com uma pinça, evitando que ele seja esmagado.
“O carrapato não transmite a doença de imediato, ele precisa de um tempo de contato longo com a pele. Após adentrar em uma área silvestre, é importante observar bem o corpo todo para ver se existe a presença de um carrapato”, diz Araújo. “É importante ficar atento ao aparecimento de sintomas, como febre, dores no corpo, manchas vermelhas. Se aparecer algum desses sinais após uma exposição de risco, é importante procurar orientação médica e informar que houve essa exposição de risco”, conclui.
O Ministério da Saúde recomenda a adoção de algumas medidas para evitar a doença, principalmente em locais onde há exposição, como parques ou fazendas.