Juntos pela primeira vez desde o anúncio da aliança entre os seus partidos, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT-SP) e a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) revelaram um plano para a noite desta quinta-feira: protagonizar um debate paralelo ao que será realizado na TV pela Rede Bandeirantes.
Como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem permissão legal para participar do debate, a dupla pretende, por meio de um telão, comentar e responder em tempo real a questões feitas aos presidenciáveis, que estarão no estúdio da emissora.
Coordenador da campanha de Lula, o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli explicou que a ideia é que Haddad responda às perguntas e comente as propostas dos adversários. Ele informou, ainda, que o partido insistirá para que uma cadeira vazia esteja destinada a Lula durante o debate.
Ao lado de Haddad, Manuela justificou a decisão de desistir da candidatura própria em nome de um projeto. A parlamentar alegou que, diante da crise econômica e política, não poderia se dar “ao quase luxo” de manter sua candidatura: “Acredito que essa saída é a que mais reúne condições de ganhar as eleições”.
Sem citar os demais partidos de esquerda, Haddad lamentou que nem todos tivessem compressão da necessidade de união em torno de Lula. Manuela acrescentou que, por ela e por Haddad, já existe um pacto de não-agressão com o candidato do PDT, Ciro Gomes (CE), a quem chamou de “amigo”.
Vice
Em entrevista coletiva, Manuela frisou que serpa candidata a vice-presidente da República na eleição deste ano “em qualquer um dos cenários”. Ela se referiu às possibilidades de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) ou o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (2013-2016) serem os candidatos petistas ao Palácio do Planalto.
”É um acordo político em que nós, do PCdoB, ocuparemos a vaga de vice em qualquer um dos cenários”, declarou. “Eu torço para que, no dia 1º de janeiro, a Justiça decida que eu tomarei posse como vice-presidente da República com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, mas eu e o Haddad estamos prontos para vencer a eleição em qualquer hipótese.”
Haddad foi anunciado pelo PT como candidato a vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente, que foi condenado em segunda instância na Operação Lava-Jato e, portanto, está enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indefira o registro da candidatura do líder petista, o ex-prefeito paulistano “herdará” a posição e terá Manuela como companheira na chapa.
A deputada também comentou a estratégia do PT em manter o ex-prefeito de São Paulo como porta-voz da candidatura de Lula, preso há quatro meses na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), onde cumpre sentença de 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro:
“Consideramos absolutamente legítimo e justo que o interlocutor do presidente Lula seja alguém que coordena seu programa de governo e que é militante dirigente, militante do Partido dos Trabalhadores”.