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Fernando Haddad visita Lula na prisão para discutir o segundo turno

É o primeiro ato da agenda oficial do candidato do PT. (Fotos: Ricardo Stuckert)

Fernando Haddad já está em Curitiba, no Paraná, para uma visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Operação Lava-Jato, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal. É o primeiro ato da agenda oficial do candidato do PT à Presidência após receber 29,3% dos votos no domingo contra 46,1% de Jair Bolsonaro (PSL).

Assim que eleito, Haddad fez questão de agradecer o ex-presidente em agenda pública. Além dele, vão visitar Lula o secretário de finanças do partido, Emídio de Souza, e Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado historicamente ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

O encontro deve definir quais as prioridades de Haddad no 2º turno. O PT espera que Lula delibere sobre alianças e quais os rumos de Haddad. Setores petistas já discutem se o candidato à Presidência deve assumir um caminho mais independente a Lula para tentar atrair eleitores mais ligados ao centro.

Um dos pontos que pode ser mudado no 2º turno é o programa de governo, feito sob medida para Lula. Já há grupos petistas quem defendem que ele modere em questões tributárias, reforma da Constituição, entre outros temas. Para petistas ligados ao candidato, Haddad vai ter de sair de “baixo das asas de Lula” para ser ele próprio neste 2º turno.

Comemoração

Às 19h02min, quando a pesquisa de boca de urna do Ibope indicou que Fernando Haddad (PT) disputaria o segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL), houve uma explosão de alegria no hotel em São Paul onde os apoiadores do petista se concentraram para acompanhar a apuração dos votos. Houve gritos, beijos e abraços. Muitos choraram.

Até aquele momento, o clima no QG do PT era de apreensão. Em conversas reservadas, dirigentes do partido já apontavam os erros cometidos na campanha. Diziam, por exemplo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso da Lava-Jato, demorou muito para indicar Haddad. O discurso radical também foi criticado. Logo que a pesquisa saiu, tudo mudou. As conversas giraram então sobre mudanças na coordenação da campanha.

Antes de votar, no bairro de Indianópolis, Haddad tomou café da manhã com aliados no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, berço do PT e de Lula, seu padrinho político. Foi dali que, há exatos seis meses, Lula saiu para ser preso. Haddad evitou tecer ataques mais duros a Bolsonaro, amenizando o tom que havia adotado na última semana de campanha. “São dois projetos tão diferentes que vai ficar mais fácil para o cidadão votar no segundo turno”, comentou.

No Grajaú, bairro que faz parte da região conhecida como “Cinturão Vermelho” pelo apoio histórico ao PT, poucos eleitores quiseram manifestar preferência por um candidato. “Estou votando de coração partido”, disse a técnica de enfermagem Adriana Borba, de 29 anos. Na família, todos são petistas – partido que ela sempre escolheu na urna. Desta vez, porém, optou por Bolsonaro. “Não concordo com ele nem com nenhum candidato, mas parece ser a única chance de mudar.”

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