Por Redação O Sul | 9 de julho de 2017
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que era uma das últimas esperanças de Michel Temer para se manter no poder, teria recusado o convite do Palácio do Planalto para uma reunião solicitada pelo presidente para debater sobre a possível debandada do PSDB do governo. Seria uma tentativa de apelo pela permanência do apoio dos tucanos à atual gestão. Ao que tudo indica, o ex-presidente justificou sua impossibilidade de se encontrar com Michel Temer porque estaria embarcando para a Europa.
FHC já abriu sua posição sobre o tema em um artigo recente – em que pede renúncia de Temer e novas eleições. “Precisamos pensar no País, não só no governo. Temer precisa conversar com as grandes forças políticas do País, não só o PSDB”, disse FHC.
No artigo, FHC começa dizendo que sua percepção sobre a situação política do Brasil tem sofrido “abalos fortes”. Para ele, falta “legitimidade” a Temer para governar e o País vive um tipo de “anomia” (falta de regras, desorganização). Diante desse cenário, o ex-presidente diz ter mudado de opinião de que seria um golpe a convocação de eleições antes do término do mandato de Temer, em 2018.
Questionado sobre a grave crise política de Temer, e se o PSDB vai deixar o governo, o ex-presidente disse que a situação está muito ruim, mas declarou que não poderia falar antecipadamente sobre as declarações do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). “Não tenho como antecipar a posição do partido. Mas ele expressou sentimento da Câmara, sentimento da sociedade, mas não o de todos os governadores”, declarou FHC. Tasso Jereissati afirmou que a saída da sigla é inevitável, enquanto o também tucano Cássio Cunha Lima considerou que o atual governo está “no início do fim”.
Jereissati até sugeriu o nome de Rodrigo Maia como o mais indicado para fazer a transição até o fim de 2018. As declarações de Tasso provocaram revolta no entorno de Temer. Indicado pelo partido para o Ministério das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira defendeu a permanência da legenda no governo.
Apesar da discrição de FHC, interlocutores do Planalto indicam que os integrantes do PSDB estão cada vez mais convencidos de que o melhor é “abandonar o barco”, o quanto antes. Nos últimos dias, a ideia tem ganhado força.
Eleições antecipadas
O ex-presidente voltou a afirmar que ainda vê espaço para a antecipação das eleições, mas só com a renúncia de Michel Temer precedida de conversa com todos os grandes partidos e não somente com o PSDB. Repetiu o que vem defendendo: que Temer renuncie e convoque eleições.
“Ainda vejo em Temer a possibilidade de promover uma trégua nacional, sem conchavos, renunciando e antecipando eleições. Mas só com a aprovação da reforma política com a cláusula de barreira”.
Do lado de Temer, a preocupação só aumenta. O momento é extremamente delicado para ele, quando precisa de votos contra a denúncia de corrupção passiva da qual é alvo, de autoria do Ministério Público Federal.
