Na semana em que responderá as 50 perguntas feitas pela PF (Polícia Federal) no inquérito em que é investigado, o presidente Michel Temer se reuniu com o diretor-geral do órgão, Fernando Segovia, para discutir uma demanda antiga da classe: a criação de carreiras de apoio, e por consequência, novas vagas para a corporação.
O tema foi pauta do encontro de Segovia com Temer na segunda-feira (15) e também com representantes de entidades como a ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), Fenapef (Federação nacional dos Policiais Federais), APCF (Associação Peritos Criminais Federais) realizado na manhã dessa terça-feira (!6). O delegado Delano Cerqueira Bunn, idealizador do plano, apresentou os detalhes às associações e federações. Elas levarão à chefia da PF sugestões sobre o projeto até a próxima semana. Depois de formatar uma proposta que agrade todas as entidade, Segovia a encaminhará ao Congresso Nacional.
Carreira intermediária dentro da Polícia Federal
A ideia defendida pela direção da Polícia Federal é criar uma carreira intermediária dentro da instituição para realizar atividades de menor complexidade, como escolta de presos e até monitoramento de fronteiras. Parte desse efetivo pode integrar uma tropa da PF fardada. Quando apresentou pela primeira vez a proposta, em 2015, o delegado Cerqueira Bunn sugeriu a criação de cerca de 5 mil novas vagas.
No encontro desta terça-feira (16), porém, nenhum número foi definido, segundo participantes da reunião. A proposta também tem o objetivo valorizar os agentes ao incumbi-los principalmente de de funções mais nobres, ligadas às investigações, e deixar as mais corriqueiras para integrantes dessas novas carreiras, que teriam salários inferiores.
“É bem-vinda a proposta de reestruturar a PF para torná-la ainda mais eficiente no combate ao crime. Mas ainda vamos avaliar. Temos que saber, por exemplo, quais serão as atribuições específicas desses novos cargos. Vamos estudar e dar nossa contribuição a esse processo”, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Marcos Camargo.
A chefia da PF também apresentou uma proposta de plano de carreira para os policiais federais baseada não só no tempo de serviço, como é hoje, mas na meritocracia. O projeto é criar um sistema de avaliação promoção com bases em metas que serão estabelecidas por carreira. Outra proposta é a construção de um museu nacional da PF para relatar histórias e feitos da instituição.
O mesmo plano apresentado às entidades foi levado a Michel Temer e ao ministro da Justiça Torquato Jardim que deram aval para que a proposta fosse debatida.
Fronteiras
A pouca fiscalização por parte do governo federal nos limites do País tem sido criticada por governos estaduais e municipais. A ausência das forças federais nessas regiões tem sido utilizada como explicação para problemas de segurança pública causados nos centros urbanos pelo crime organizado ligado ao narcotráfico.
O Brasil tem mais de 15 mil quilômetros de fronteiras com diversos países, alguns com rotas do narcotráfico ou mesmo produtores de drogas, como Bolívia, Peru e Colômbia e Paraguai.
O projeto para criação de uma polícia fardada de atuação exclusiva nas fronteiras vinha sendo discutido desde a gestão do antecessor de Segovia, Leandro Daiello, e agora tem o apoio do governo federal para sair do papel. A formação dessa polícia ainda depende da criação de uma nova carreira dentro da PF, com atribuições específicas.