Em entrevista para ao canal norte-americano CBS, a filha de Woody Allen com Mia Farrow, Dylan Farrow, confirmou ter sido abusada sexualmente pelo pai aos 7 anos, em 1992. De acordo com Dylan, o abuso teria ocorrido no sótão de casa, quando o pai a teria levado para lá. “Estou falando a verdade e acho importante que as pessoas entendam que vítimas importam e são capazes de mudar as coisas”, disse. O diretor negou todas as acusações.
Uma nova denúncia surgiu quando Dylan publicou uma carta aberta no jornal “The Los Angeles Times”. No texto ela questiona o fato do pai ter conseguido um contrato de filme quando denúncias contra o produtor Harvey Weinstein foram efetivas. “Qual o motivo de Harvey Weinstein e outras celebridades acusadas de abuso terem sido banidas de Hollywood enquanto Allen recentemente conseguiu um contrato milionário de distribuição de seu próximo filme?”
Investigação
A investigação original sobre as declarações de Dylan Farrow – feitas pela primeira vez em 1992 – tomou várias direções. Um médico que liderou a investigação, John M. Leventhal, e entrevistou Dylan nove vezes, disse que havia incoerências na história contada por ela. Um mês depois, um juiz de Manhattan, deu razão a Mia Farrow, concedendo-lhe a custódia dos filhos e chamando Allen de “egocêntrico, não confiável e insensível”. Frank S. Maco, procurador público estadual em Connecticut, mais tarde disse que havia “causa provável” para acusar Allen, mas ele não o faria – para evitar mais traumas a Dylan.
Adolescentes
De acordo com um artigo do jornalista Richard Morgan, publicado no “The Washington Post”, o diretor cinematográfico Woody Allen é “obcecado por jovens mulheres”. Morgan teve acesso à Biblioteca Firestone, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. No local existem diversos arquivos de Allen, dentre eles notas, histórias, esboços e projetos de filmes que não foram lançados.
De acordo com a biblioteca, o jornalista é o primeiro a acessar a coleção completa do diretor, que descreveu como “cheia de repetitiva misoginia”. Segundo Morgan, os textos de Allen seguem um padrão. São frequentemente “freudianos” e geralmente são histórias de relações “à beira do fracasso, lançadas ao caos pela introdução de um estranho atraente, quase sempre uma jovem mulher, entre os 16 e 18 anos”. Como na narração “Consider Kaplan”, em que um homem de 53 anos se apaixona por uma moça de 17 em um elevador. O cineasta ainda descreve situações com pessoas reais.
“Ocasionalmente eu fui forçado a ‘fazer amor’ com ela para que tivesse uma performance decente. Eu fiz o que precisava fazer, mas a uma maneira de ‘negócios’”, diz o trecho, cuja coadjuvante é a atriz Janet Margolin. E, em alguns escritos, a personagem principal tem o mesmo nome do diretor, como no projeto “The Filmmaker”, em que um diretor cinematográfico, Woody Allen, se apaixona por Susan, uma vendedora de livros de arte.
Allen, de 82 anos, já recebeu quatro prêmios do Oscar e dois Globos de Ouro. Ele é casado com Soon-Yi Previn, que tem 47 anos. Para o diretor, a relação com Soon-Yi Previn, que a princípio era extra-conjugal, era “paternal”. “E ela respondia a uma pessoa paternal. Eu gostava da energia e inocência dela”, disse no passado.