Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2022
Policiais recuperam quadro "Sol Poente" de Tarsila do Amaral.
Foto: DivulgaçãoA idosa de 82 anos que sofreu um golpe, com prejuízo de centenas de milhões de reais em joias e obras de arte, disse à polícia que foi ameaçada pela própria filha com uma faca, em seu pescoço, e que chegou a deixá-la sem comida. As informações foram repassadas pelo delegado Gilberto Ribeiro, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade. A filha e mais três pessoas foram presas em Ipanema, na Zona Sul da capital fluminense.
Em depoimento, a idosa informou que seu prejuízo foi exatamente de R$ 724,6 milhões. Deste total, a Polícia Civil afirmou já ter recuperado R$ 303 milhões. A parte mais valiosa do roubo foram quase todas recuperadas. O valor é referente a recuperação de três obras: “O Sono”, de Tarsila do Amaral; “O menino”, de Alberto Guignard e “Mascaradas”, de Di Cavalcanti, que estavam em uma galeria de São Paulo. Já outras duas pinturas, “Maquete para o meu espelho”, de Antônio Dias, e “Elevador Social”, de Rubens Gerchman, foram expostas no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, na Argentina, e ainda não foram recuperadas.
Segundo o delegado, causou perplexidade o fato de estarem corretamente embaladas com plástico bolha, como se faz normalmente em transporte, por se tratarem de pessoas que não são especialistas no manuseio desse tipo de obra. Contudo, durante o cumprimento de um dos mandados de busca e apreensão, policiais encontraram um dos quadros, assinado por Tarsila do Amaral e avaliado em R$ 250 milhões, escondido embaixo do colchão da cama de uma das suspeitas de pertencer à quadrilha.
O golpe
A filha da vítima, segundo investigações, teria sido a idealizadora do crime. Até o momento, além da mentora, Jacqueline Stanescos, Rosa Stanesco Nicolau e Gabriel Nicolau Traslaviña Hafliger, filho de Rosa, foram presos.
Um outro integrante da quadrilha e Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic, de 37 anos, permanecem foragidos. Foi Diana, inclusive, que, segundo depoimento da idosa, em janeiro de 2020, abordou-a quando saía de uma agência bancária em Copacabana, na Zona Sul do Rio. De acordo com a vítima, Diana se apresentou como vidente e disse que a vida da filha da vítima corria grande perigo. A falsa vidente convidou a senhora para acompanhá-la até sua casa, onde jogaria búzios e confirmaria a previsão.
A quadrilha se valeu do fato da idosa ser uma pessoa interessada em questões místicas, ter feito curso de astrologia e ter um cuidado especial com a filha em questão, pois, desde a adolescência, ela sofre de depressão e já teria tentado se matar.
A senhora foi levada a uma segunda vidente (Jacqueline Stanescos) para que o fosse comprovada a previsão da primeira. Durante a consulta, Jacqueline comentou da possibilidade de fazer um trabalho que afastaria o mau agouro e, na sequência, perguntou das posses da mulher, o que levantou suspeitas. Contudo, a vítima foi levada a uma terceira vidente (Rosa, também conhecida como Valéria de Oxóssi), que afirmou saber que a mãe tinha posses para pagar o trabalho, além de informações pessoais, como seu endereço.