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Filho do presidente dos Estados Unidos é julgado por comprar arma na época em que usava crack. Ele pode ser condenado a 25 anos de prisão

Os jurados ouviram trechos do livro de memórias de Hunter Biden narrados por ele mesmo (existe uma versão em áudio). (Foto: Reprodução)

Hunter Biden, filho de Joe Biden, viveu anos tentando controlar o vício em drogas ilegais, como cocaína e crack e, em 2021, até publicou um livro de memórias, “Beautiful Things” (coisas belas, em tradução literal) em que descreve os problemas com drogas.

Em outubro de 2018, ele resolveu comprar um revólver e, para isso, a lei dos Estados Unidos exige que os clientes preencham um documento oficial declarando que têm condições para possuir uma arma de fogo. Uma das perguntas desse formulário é sobre uso de drogas ilícitas, e Hunter respondeu que não usava drogas.

Por isso, o filho do presidente dos Estados Unidos está sendo julgado criminalmente. O Ministério Público o acusa de ter mentido e busca condená-lo na Justiça. Se for considerado culpado, Hunter Biden pode ser sentenciado a uma pena de até 25 anos e pagar US$ 750 mil em multas (R$ 4 milhões, na cotação atual). No entanto, raramente uma pessoa sem antecedentes e que não usou a arma em um crime recebe penas tão altas.

A defesa afirma que especificamente em 2018 o filho do presidente dos EUA não usava drogas. Essa tem sido a principal questão do julgamento, que começou no dia 4 de junho, e os promotores têm usado o livro de memórias de Hunter para tentar provar aos jurados que, naquele ano, Hunter ainda não estava sóbrio.

O advogado de defesa Abbe Lowell disse aos jurados que Biden não tinha a intenção de enganar o vendedor de armas porque não se via como um usuário de drogas na época.

A acusação afirma que ao assinar o documento para poder comprar um revólver Colt ele disse que não tinha vício e não usava drogas ilegais, “quando na verdade, como ele mesmo sabia, essa declaração era falsa”.

O julgamento acontece na cidade de Wilmington, no estado de Delaware, pelo qual Joe Biden foi senador durante décadas.

Ele é acusado dos seguintes crimes: mentir para um vendedor de armas licenciado pelas autoridades federais dos EUA;  escrever uma mentira no documento federal; comprar e possuir uma arma obtida ilegalmente.

Livro de memórias

Os jurados ouviram trechos do livro de memórias de Hunter Biden narrados por ele mesmo (existe uma versão em áudio).

O principal promotor do caso, Derek Hines, reproduziu os trechos do livro no qual Hunter descreve como tentou comprar drogas de uma moradora de rua na capital dos EUA, Washington DC.

O Ministério Público afirma que Hunter descreveu quatro anos de vício em crack que cobrem o período em que ele comprou o revólver para argumentar que ele era um usuário que mentia para amigos e parentes e que cometeu crimes. “O vício pode não ser uma escolha, mas mentir e comprar uma arma, sim, e ninguém está acima da lei”.

O advogado de defesa Abbe Lowell afirmou que Hunter esteve em uma clínica de reabilitação durante duas semanas em 2018 e que não usava drogas no período em que comprou o revólver.

Cunhada e namorada

A arma é uma Colt Cobra calibre 38, comprada por Hunter em 12 de outubro de 2018. Na época, ele namorava Hallie Biden, a viúva do próprio irmão, Beau Biden, que morreu em 2015. Hallie encontrou a arma no carro de Hunter, uma caminhonete. Com medo que o namorado fosse se matar, ela jogou a arma no lixo de uma loja de alimentos.

Em seu testemunho, a cunhada e ex-namorada de Hunter Biden afirmou que quando encontrou a arma na caminhonete, também encontrou restos de crack, potencialmente reforçando o caso dos promotores.

Outras mulheres com quem Hunter teve relações também testemunharam. Kathleen Buhle, que foi casada por quase 25 anos com o filho do presidente, disse que Hunter luta contra o vício há muito tempo, e que o casamento terminou por cauda das drogas e da infidelidade. Os dois três três filhos juntos.

Zoe Kestan teve uma relação com ele entre 2017 e 2018. Ela disse aos jurados que Hunter estava quase sempre usando crack: “Ele queria fumar crack assim que se levantava”, disse.

A filha de Hunter também deu um depoimento e, segundo a mídia dos EUA, estava emocionada ao falar com os jurados. Naomi Biden, a filha de Hunter, disse que teve orgulho de seu pai quando ele foi a uma clínica de reabilitação em 2018. Ao sair do banco das testemunhas, ela deu um abraço no pai. As informações são do G1.

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