Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2025
Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), discordavam sobre qual deveria ser a reação do pai após a derrota nas eleições de 2022. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, contou em delação premiada que Flávio era contra um golpe de Estado, enquanto Eduardo apoiava a ideia.
O sigilo da delação foi derrubado nesta quarta-feira (19) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo o delator, Flávio fazia parte de um grupo conservador que defendia aceitar o resultado das eleições em vez de tentar revertê-lo. Os conservadores aconselhavam Bolsonaro a assumir o papel de líder da oposição, considerando essa a estratégia mais eficaz diante do cenário político.
“[Mauro Cid diz] que tinha um grupo bem conservador, de linha bem política; que [o grupo] aconselhava o presidente [Bolsonaro] a mandar o povo para casa e a colocar-se como um grande líder da oposição; que diziam que o povo só queria um direcionamento; que para onde o presidente mandasse, o povo iria”, indica a delação.
Um outro grupo, chamado por Cid de “radical”, era subdividido em duas alas: a “menos radical”, que buscava encontrar indícios de fraude nas urnas eletrônicas para justificar uma contestação do resultado, e a “mais radical”, que defendia a ideia de um golpe de Estado por meio de um decreto. Eduardo estaria entre os mais radicais, segundo o delator.
O grupo pró-golpe acreditava que Bolsonaro teria apoio popular caso decidisse manter-se no poder e que, “quando desse a ordem”, também seria apoiado por CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores). A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, também fazia parte desse grupo, segundo Mauro Cid. Veja abaixo quem pertencia a cada grupo e como atuavam.
Conservadores
– Senador Flávio Bolsonaro;
– AGU Bruno Bianco;
– Ciro Nogueira (então Ministro da Casa Civil);
– Brigadeiro Batista Júnior (então Comandante da Aeronáutica).
Grupo aconselhava Bolsonaro a se colocar como um grande líder da oposição e mandar o povo que estava nos quartéis para casa.
Moderados
Acreditavam que o país estava passando por abusos jurídicos e não concordavam com “a condução das relações institucionais”, mas entendiam que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições.
Este grupo se subdividia em dois. O primeiro grupo era formado generais da ativa que tinham mais contato com Bolsonaro:
– General Freire Gomes (Comandante do Exército);
– General Arruda ( Chefe do DEC – Departamento de Engenharia e Construção);
– General Teófilo (Comando de Operações Terrestres);
– General Paulo Sérgio (então Ministro da Defesa).
Havia ainda um outro grupo de moderados que entendia que Bolsonaro devia sair do país. Faziam parte:
– Paulo Junqueira – empresário do agronegócio que financiou a viagem de Bolsonaro para os EUA;
– Naban Garcia;
– Senador Magno Malta (que também transitava no grupo mais radical, mas acreditava que Bolsonaro deveria deixar o país).
Radicais
Ala mais radical também se dividia em dois grupos. No primeiro, estavam os “menos radicais”, que queriam encontrar uma fraude nas urnas. De acordo com Cid, era o grupo mais pressionado por Bolsonaro. Estavam neste grupo:
– General Pazzuelo;
– Valdemar Costa Neto (presidente do PL);
– Major Denicole;
– Senador Heinz;
Já a ala mais radical era a favor de um braço armado e incentivava o golpe de estado. “[ala] queria que ele assinasse o decreto; acreditavam que quando o Presidente desse a ordem, ele teria apoio do povo e dos CACs”, diz um trecho da delação de Mauro Cid.
De acordo com a delação, este não era um grupo organizado, mas pessoas que se encontravam esporadicamente com Bolsonaro. Faziam parte:
– Felipe Martins;
– Onyx Lorenzoni;
– Senador Jorge Seiff;
– Gilson Machado;
– Senador Magno Malta;
– Deputado Eduardo Bolsonaro;
– General Mario Fernandes;
– Michelle Bolsonaro.
As informações são do portal de notícias G1.