Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2024
Com sucesso de crítica e público nos Estados Unidos (os dois quesitos têm mais de 90% de notas positivas no site Rotten Tomatoes), “Jurado Nº2”, apontado como aquele que pode ser o último filme de Clint Eastwood, de 94 anos, chega ao público brasileiro nesta terça-feira, dia 3, no streaming. O longa, que estreou nos cinemas de Estados Unidos e Europa no início do mês de novembro, teve o circuito ampliado e está cotado para receber indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar nas categorias melhor filme, direção (Clint Eastwood), roteiro (Jonathan A. Abrams), ator (Nicholas Hoult) e atriz coadjuvante (Toni Collette). Leia a crítica.
Uma das belas características da filmografia autoral de Clint Eastwood é a disposição para tratar de temas polêmicos que necessitam de análises mais aprofundadas. Algumas vezes, seus filmes chegam até a não ser compreendidos justamente pela intenção de apresentar diferentes lados de cada questão, em alguns casos resultando também em críticas baseadas em apreciações superficiais. Foi assim em “Gran Torino” (sobre xenofobia) e “Sniper americano” (em torno do pacifismo), além de um filme que ele não dirigiu, mas teve papel decisivo na maneira como o projeto foi tocado: “Dirty Harry” (com o fenômeno social do vigilantismo).
No novo e ótimo “Jurado Nº2”, que está sendo apontado como seu último filme, Eastwood mais uma vez bota a mão no vespeiro ao debater a ideia de que a Justiça pode não ser justa – e pode ser controversa em relação à verdade.
Com roteiro redondo de Jonathan A. Abrams, estreante no cinema, o filme é um eletrizante drama de tribunal. A trama apresenta um pai de família (Nicholas Hoult) que é selecionado para ser jurado num julgamento de assassinato. Conforme a narrativa se desenvolve, ele se vê lutando com um sério dilema moral. Apesar de o trailer oferecer uma pista sobre esse impasse, contar mais atrapalharia o cativante suspense.
A decupagem cirúrgica feita por Clint Eastwood cria um mistério que envolve o público do início ao fim, deixando uma importante ponta aberta, para que o espectador possa completar segundo as próprias crenças. Em cada sequência, repleta de simbologias (placa de animal na estrada e estátua da Justiça são algumas), ele faz o espectador refletir, demonstrando que aplicar a frieza da lei pode não ser eficiente em todo e qualquer caso. Eastwood revela continuar afiado e atual aos 94 anos. Apesar de se despedir com mais um filme admirável caso ele realmente pare de trabalhar, será uma pena se este for o último.